31 outubro 2008

Hellhoween

Não gosto da ideia da importação da festa de Halloween.
Uma festa tradicionalmente americana que, na sua cultura e génese local, até tem algum sabor, algum sentido ou função social de integração, mas que aqui na santa terra não tem qualquer nexo ou fundamento. Uma comercialização e internacionalização da celebração pagã que nas palavras "Gostosuras ou travessuras" atinge o risível e irrisório.
Não se pode impor algo que demorou várias gerações a cimentar no seu local de origem, múltiplas décadas, e no entanto hoje em dia é incontornável encontrar referências a esta festa nos media, na publicidade, nas lojas, e tantos outros locais como que travestindo-nos momentâneamente em ianquees da merdaleja.
No limite até teria a sua piada se, como nos States, todos se mascarassem e todos aderissem ao fenómeno, mas há algo patético em ver quatro matarruanos mascarados das coisas mais escabrosas que, salvo excepções, raramente obedecem ao espírito. São homens vestidos de mulheres, vestidos de árabes, vestidos somente com uma farta cabeleira, vestidos de ciganos e, aqui e ali, um ou outro verdadeiramente mascarado de múmia ou Freddy Kruger. É vê-los algo desolados a andarem na rua até à festa na boîte local onde, aí sim, abraçam o espírito da coisa.
So sad.

29 outubro 2008

Mr.Durden

"You caught me at a very strange time in my life..."

27 outubro 2008

A crise aguda

"Para poupar na conta da electricidade, o Governo decidiu apagar a luz ao fundo do túnel"

23 outubro 2008

A réstia

O que sobra deste langor infinito?
Deste torpor.
Desta prostação lenta e duradoura.

Ultrapasso medos.
Transponho angústias.
Supero receios.

E no entanto.

O mundo jaz.
Nada se altera.
Tudo permanece.

Resta uma réstia de vida.

21 outubro 2008

GPStupid

Odeio o GPS...

17 outubro 2008

Sheik mate

Uma das mais recentes loucuras extremistas no país do ouro negro veio directamente da cabeça algo doente de um tal Sheikh Muhammad al-Habadan.
Este senhor veio agora defender que as mulheres, além de já andarem de abaya (longo manto), totalmente tapadas portanto, terão, a partir de agora, que tapar um dos olhos. Os dois à vista pode, de acordo com o altíssimo Sheik, causar comportamentos menos próprios e corrompidos, constituindo uma clara violação dos princípios islâmicos. A revelação de ambos os olhos encoragaria as mulheres a maquilharem-se, acentuando o seu olhar, e isto não pode de todo acontecer.
Assim, caso esta nova regra da Fatwa seja aprovada, as mulheres terão que tapar um dos olhos logo a partir do momento em que saiem à rua. Pergunta o incauto leitor, "mas como é que elas vão guiar só com um olho?". Respondo que é um falso problema pois as mulheres estão proibidas de guiar, além de lhes ser igualmente arredado a possibilidade de andarem sozinhas na rua, confraternizar com homens em público, maquilharem-se ou usar saltos altos.
As brigadas dos costumes que pululam as ruas da Arábia Saudita terão portanto uma nova tarefa, a de observar se as mulheres só aparecem com um olho à vista, isto além de verificar constantemente se a famosa abaya não é demasiada moldada ao corpo para que não se consiga ver as formas da mulher e se nenhum fio de cabelo não sobressai do véu. Bonito.
O único momento em que uma mulher se poderá destapar será quando quizer comparar produtos nas suas compras, mas só durante um tempo limitado.
Não sei que bando de loucos andam ali pelos lados da Arábia, mas se a mera visão de um olho desnudo os corrompe acho que é melhor começarem a tratar-se rapidamente, a começar pelo Sheik Muhammad.
Os países ocidentais assistem impávidos e serenos a estas claras violações dos direitos fundamentais do ser humano sem mexer um dedo. Suponho que a lei do petróleo se sobrepõe a interesses mais nobres.
Uma abominação.
Uma tristeza.

15 outubro 2008

Momento da mentira

O concurso Momento da Verdade não deixa, para mim, de ser uma profunda incógnita.
Para começar, o mistério de existirem pessoas que estão dispostas a sujeitarem-se a tamanha prova na televisão nacional, em horário prime-time. Quem são elas? De onde vêem? Para onde vão? Quem são estes seres capazes de destruir relações, prejudicar carreiras, desfazer amizades, basicamente arruinar uma vida, por dinheiro? Os valores de uma existência e da dignidade estão assim tão baixos?
Depois, apraz-me igualmente verificar a falsidade que reina no público que assiste ao programa, com atitudes semelhantes aos Romanos quando iam ao Coliseu ver os gladiadores serem decepados. Estes seres, mentecaptos subjugados, obedecem a comportamentos que passo a transcrever:
Pergunta: "Alguma vez enganou a sua mulher?"; Resposta: "Sim"; Público: "Oooooooooo" (Pensamento: Crápula, cafageste, estúpido, imbecíl,...); Verificação: "Verdade!"; Público: "Eeeeeeehhhhhhhh" (Pensamento: Mais dinheiro, boa!)
Pergunta: "Já riscou carros mal estacionados?"; Resposta: "Já" ; Público: "Oooooooooo" (Pensamento: Cabrão, Deve ter sido o meu naquele dia filho da mãe...); Verificação: "Verdade!" ; Público: "Eeeeeeehhhhhhhh" (Pensamento: Vais ficar rico, só mais uma!)
Pergunta: "Foi você que atropelou o seu patrão no dia 12 de Fevereiro 1997?"; Resposta: "Fui"; Público: "Oooooooooo" (Pensamento: Foste tu, o homem ficou desfeito sua besta, Vais ver,...); Verificação: "Verdade!"; Público: "Eeeeeeehhhhhhhh" (Pensamento: Ena, ena, já vais nos 100.000 Euros)
Ou o total oposto:
Pergunta: "Acha que salvaria a sua Mãe de um incêndio?"; Resposta: "Não"; Público: "Ooooooooooo" (Pensamento: Faço-te a folha lá fora, A tua Mãe é uma santa cabrão,...); Verificação: "Falso!"; Público: "Oooooooooooo" (Pensamento: Afinal salvas? És mesmo estúpido ganhavas isto na boa)
Enfim, momentos caricatos e dramáticos que mostram a verdadeira natureza deshumana do Homem.

13 outubro 2008

Estava bem

Numa praia tropical qualquer, sozinho contigo...

09 outubro 2008

Irashima

(Voltando aos posts mais sérios)
De acordo com uma investigação realizada pela RAI News 24, os Estados Unidos de América, esse mesmo país que clama aos sete ventos a não proliferação atómica, terão lançado durante a primeira guerra do Iraque uma bomba nuclear em Bassorá, perto da fronteira com o Irão.
O engenho com uma potência de 5 quilotoneladas, supostamente "pequeno", terá sido lançado a 27 de Fevereiro 1991, último dia oficial da operação "Desert Storm", como represália ao bombardeamento por parte das tropas iraquianas de uma base militar americana de Dharan, na Arábia Saudita, onde morreram 28 militares.
A revelação foi feita na passada quinta-feira, dia 2 de Outubro, por um veterano da guerra, Jim Brown, agora director da organização GulfWatch I.N.S., apoiada em investigações da própria cadeia de televisão italiana que confirmou junto do Centro Sismológico Internacional a occorrência nesse dia e nesse local de um sismo de 4,2 na escala de Richter, além de ter descoberto que os casos de cancro na região tinham sofrido um crescimento exponencial passando de 32 casos em 1989, sobretudo em pessoas idosas, para mais de 600 em 2002, muitos em crianças.
O Pentágono por seu lado, e como seria de esperar, negou a utilização da bomba nuclear, confirmando no entanto o lançamento de "uma bomba potente". Não sei que "bomba potente" será capaz de provocar um sismo de 4,2, mas pronto.
Os americanos não param efectivamente de nos surpreender, pela negativa, e depois admiram-se que o Irão queira ter a bomba nuclear quando isto aconteceu perto da sua fronteira.
Fica o triste registo da (possível) terceira bomba nuclear lançada na história de humanidade. À semelhança do Enola Gay, resta-nos agora saber o nome do avião que largou a bomba para mais tarde algum músico mais inspirado fazer uma música de sucesso.
Os americanos no seu pior.
I am so tired of you America.
P.S. E julgam que os meios de comunicação americanos têm divulgado esta informação? Não é por acaso que a notícia foi comunicada por meios europeus.

08 outubro 2008

Um poder do caralho!

(post não recomendável a menores de 83 anos)
Em qualquer país, nada é tão forte na linguagem tradicional como um bom palavrão. O português não foge á regra.
Nada é tão claro, tão assertivo, tão forte, redutor ou finalizador como o jargão bem aplicado. Quando batemos com o dedo mindinho num dos pés da cama, estrategicamente colocado no nosso caminho, nada é mais forte do que um sonoro "FODA-SE!". Quando um arruaceiro arruma o carro num espaço que aguardávamos há dez minutos e se recusa a sair, nada é tão sentido como um "VAI LEVAR NO CÚ!!". Quando furamos um pneu a caminho de uma reunião importante quando já estavamos atrasados, que expressão definirá melhor o momento do que um sonoro "CARALHO!!!". Se um louco à solta pelas estradas deste país quase nos assassina na passadeira, nenhum termo é melhor aplicado do que o tradicional e dirigido "VAI TA FODER!". E quando um zeloso e aplicado funcionário da EMEL nos multa por um lapso temporal de cinco minutos, o que saberá melhor do que o confrontar olhos nos olhos com um aguerrido "PUTA QUE TE PARIU!".
O palavrão, vulgo caralhada, é mutlifacetado no seu propósito: tanto pode ser aplicado nos maiores elogios como em insultos infâmes. Pode dizer-se "TÃO BOA, CARALHO!" numa alusão à constituição física avantagada feminina como "É FEIA PRA CARALHO!" no seu total oposto, ou igualmente tanto é válido afirmar "O GAJO NÃO TEM ONDE CAIR MORTO, FODA-SE!" como "O GAJO GANHA BEM PRA CARALHO, FODA-SE!" sem que o contexto frásico esteja errado.
De qualquer forma todos nós, na intimidade reclusa da nossa mente, pragejamos com um à vontade do caralho, se me permitem. Quem de nós não exclamou já dentro de si um silencioso "ESTÁS A OLHAR PARA ONDE FILHO DA PUTA!" ou um mudo "VOLTAS A REPETIR ISSO E VAIS VER O QUE TE ACONTECE CARALHO!".
O poder do palavrão é portanto, por analogia e definição, um poder do caralho! Sabe bem soltá-lo, alivia o stress de forma imediata (não é por acaso que em muitos cursos de afirmação pessoal se começa por uma sessão de palavrões à desgarrada) é sincero, sentido e verdadeiro, e pode ser usado em qualquer ocasião, desde a mais distinta à menos nobre.
Numa sociedade moderna e contida, recomendo que use o palavrão com assiduidade, embora com a moderação que o seu próprio bom-senso determinar. Não é, por exemplo, de bom tom mandar "À MERDA, PUTA DO CARALHO!" a velhota que se arrasta a 2 Km/hora na passadeira, recomendar "VAI ENFIAR UM PAU DE BICOS NA PEIDA, FILHO DA MÃE!" ao patrão que delicadamente lhe pediu para apagar o cigarro na sala de reuniões, nem tão pouco sublinhar "TENS UM HÁLITO MATA-RATOS, FODA-SE!" ao seu colega com halitose crónica ou problemas gástricos repetidos.
Recomenda-se portanto, mas use o seu poder de discernimento, cuidado e ponderação quando quiser insultar alguém. Não se esqueça que o insulto tem um poder arrasador, na proporção inversa da sua satisfação pessoal.
P.S. Deu-me um gozo do caralho escrever este post.

07 outubro 2008

Live long and prosper

Manuel Pinho vive certamente num qualquer Entreprise digno das viagens infinitas do Star Trek.
Imagino-o com as orelhas compridas e pontiagudas, com uma tez ligeiramente amarelada, a observar pensativo o mundo à medida que este se desenrola à sua frente. Para ele, certamente fruto dessa longa observação e da crise financeira recentemente instalada no espaço inter-galáctico, "o mundo da prosperidade acabou".
O mais estranho, porém, não é sequer esse mundo ter acabado, é esse mundo ter existido sem que ninguém desse por isso. O mundo da prosperidade, próspero na sua essência, terá certamente passado por nós num Ferrari em aceleração em direcção a Cascais ou à Foz, mas foi difícil vê-lo. Is it a bird? Is it a plane? No, it's prosperity.
Sr. Pinho, deixe-me que lhe diga que a sua declaração é, além de inapropriada, totalmente desadequada com a realidade nacional dos seus constituintes. No mundo da prosperidade vivem poucos e esses nele continuarão. Todos sabemos que a crise, nestas coisas, quando bate à porta tem alguma vergonha em bater nas moradias, mas bate a plenos punhos nos apartamentos hipotecados da margem sul.
O senhor pode viver num qualquer mundo próspero e brilhante, num mundo cor-de-rosa, em lá-lá land, mas em última análise quem pagará o preço pelo desaparecimento do mundo que apregoa não será a elite financeira e dourada que escamoteou o seu futuro, mas sim os outros, aqueles que arduamente lutaram para a sua construção.
O mundo da prosperidade não acabou, nunca chegou, o que é bem diferente.

02 outubro 2008

"Mad" Sarah - Part Quatre

Aventuras e desventuras de uma candidata inapta, mais um episódio de "Mad" Sarah.
Ao zelo da nomeação apressada da Sra. Palin na caça ao voto substitui-se agora o receio das suas intervenções mediáticas. Nesse âmbito a campanha republicana decidiu tentar restringir ao máximo a presença de jornalistas perto de Palin no sentido de não a entrevistarem. Filmem, fotgrafem, mas ... no questions. É claro que chovem críticas a torto e a direito tendo inclusivamente a CNN ameaçado retirar-se do grupo de jornalistas designados para cobrir um determindao evento e não o noticiar sequer.
A candidata tem recebido muita atenção dos media, mesmo que extremamente protegida das questões dos jornalistas, mas apesar de tentar por tudo resguardar a candidata é óbvio que as suas intervenções acabam por ser conhecidas, mesmo que por interposta pessoa. Assim, numa recente ronda em que Sarah se reuniu com líderes estrangeiros numa cimeira na ONU, soube-se que um fotojornalista tinha ouvido que Kissinger lhe contara que ele dava a "alguém" (mais tarde outra fonte dizia que era ao Presidente francês, Nicolas Sarkozy) "muito crédito pelo que fez na Geórgia" ao que Palin terá respondido: "Bom, bom. E vai-me dar mais esclarecimentos também sobre isso, hã?". Excuse me?!
Aproveito para deitar mais uma acha para uma fogueira que não para de arder tanto o "combustível" que tem sido lançado: Palin nunca se tinha reunido com um líder estrangeiro até esse dia, o passado dia 23 de Setembro.
Relembro aos mais incautos que hoje às 21h00 norte-americanas (infelizmente 02h00 "de la mañana" aqui em Portugal), na Universidade de Washington, realiza-se o primeiro debate Biden-Palin, os dois nomeados à vice-presidência de Obama e McCain. Estava muito empolgado com este debate sobretudo e provavelmente na antecipação de ouvir algumas opiniões mais descabidas de Palin, isto até saber que a campanha Republicana, para aceitar o convite, tinha exigido as questões que iriam ser colocadas hoje com a antecedência necessária para ela se preparar. Claro que não será a mesma coisa.