25 novembro 2005

Dentistas

Meus amigos, eu não vos digo nada, tenho andado com uma dor de dentes brutal, mas mesmo BRUTAL. Tanto que tenho ido ao dentista para tratar de uma cárie que tenho num molar que nem vos conto nada, aquilo estava tão esburacado, tão esburacado que parecia o túnel do Marquês.

Mas há algumas coisas no dentista que não deixam de me intrigar.
Uma delas é esta: porquê que os dentistas falam connosco ENQUANTO estamos com aquelas coisas todas dentro da boca? Conseguem-me explicar isso? Conseguem? Enquanto estamos com o algodão, a broca, o aspirador de água, e sabe-se lá que mais? É que há que convir que não dá jeito nenhum uma pessoa falar com instrumentos de tortura na boca, a não ser que o homem nos esteja a dizer “CONFESSAS?, CONFESSAS?”. E depois acaba sempre por ser a o mesmo tipo de conversa: “Então e o emprego como é que vai? Vai bem?” (diz o dentista em pleno trabalho) ao que o paciente responde: “Hum, ain um einn gon eoo eeee eiein!” O que é perfeitamente claro. Mas o que mais me espanta é que eles até parece que percebem porque dizem normalmente “pois,pois, e a família?” “Hum, ain um einn gon eoo eeee eiein!” responde novamente o pobre coitado.

No entanto tenho de confessar que as duas últimas consultas que tive no dentista não me doeu absolutamente nada, e sabem porquê? Não apareci!

Não mas a sério, outra das coisas que me mete impressão são aqueles quadros com fotos e desenhos que eles têm expostos no consultório. Já repararam?

1. Cárie com 1 semana: “eh pá este dente até é parecido com o meu?”
2. Cárie com 3 semanas: “eh carapau...este gajo devia tar à rasca”
3. Cárie com 2 meses: “fo...-se!!”
4. Cárie com 5 meses: o gajo desmaia

E depois eu sempre me questionei sobre quem é que são os modelos para essas fotos? É uma Cindy Crawford do mundo hospitalar? Uma Linda Evangelista dos dentistas? Será que quando ela aparece numa reunião de dentistas os gajos ficam todos malucos.”Sabes quem é pá, sabes quem é??? É a Lulu Molar a gaja do poster no meu consultório!! Linda!!!” A gaja sorri e aparecem umas 40 cáries.

Ou será que os dentistas apanham um cliente a jeito e dizem: “sabe eu até podia tratar disso, mas vamos esperar mais uns 5 – 6 meses para eu ver a evolução disso, é que eu preciso de redecorar o consultório e acho que você tem uma cara perfeita!”

Outra questão: será que eles têm revistas tipo “O maravilhoso mundo da cárie dentária!”, “Incisivo!” ou mesmo “Playdente!”. E será que vão para a casa de banho com essas revistas....?

Me Weasel - Não Quero

Eu não quero!

Desperdiçar mais um minuto desta vida
Andar pela rua como uma alma banida
Percorrer um caminho distante, inconstante
Agarrar mais uma lágrima no ar, soluçante

Não quero!

Esperar pelo dia de amanhã
Por algo que nunca vem, algo que ninguém tem
Aguardar que o mundo se decida
A dar-me tudo o que mereço, realidade escondida

Não quero!

Calçar os sapatos de outro ser perdido
Viver na apatia, ser um ser excluído
Continuar a tentar sem ver os resultados
Neste mundo obsceno, de pés e mãos atados

Não quero!

Saber que nunca fui sem sequer ter tentado
Ser um homem diferente, menos acomodado
Um ser emancipado, amado e aventurado
E não um ser complexo, agarrado, amordaçado

Não quero!

Viver eternamente sem nunca sentir
Deixar de lutar, tentar ou desistir
Permanecer igual a tantos seres humanos
Totalmente banais, simplesmente quotidianos


Não quero!

Que estas poucas palavras ditas ao vento
Fiquem amorfas, apáticas, sem movimento
Que o que resta no caminho que perdura
Não sejam só memórias, fel e amargura


Eu quero!

Transmitir a alegria e a felicidade
Que sinto cá dentro com veracidade
E o amor que tenho e me preenche o coração
Consiga dar alento a esta nova condição

15 novembro 2005

Parque Mayer

O Parque Mayer é para mim uma incógnita.

Aliás mais do que uma incógnita, é uma certeza misteriosa. Um facto conhecido de todos, uma verdade insofismável que no fundo ninguém consegue entender. Nem no fundo, nem à superfície.

Irritam-me de sobremaneira todas estas vozes que se erguem aos céus a pedir o renascer do antigo Parque Mayer como espaço cultural ímpar. Onde estavam estas vozes quando foi preciso dar vida ao espaço, para ir lá de facto assistir a um espectáculo? Para mim, o Parque Mayer está à imagem do nosso país: um lugar deixado ao abandono, que se recusa em abraçar os tempos modernos e à espera de uma solução milagrosa em memória dos bons velhos tempos.

Outrora glorioso, o Parque Mayer é hoje um espaço amorfo numa das zonas mais nobres da cidade. Para dar vida à morte, para dar novo sopro ao abandono, a Câmara decidiu contratar um dos maiores nomes da arquitectura contemporânea, mas esqueceu-se de duas das principais características das obras deste: o espaço e a visibilidade. Aqui não existe nenhum dos dois: o espaço é grande mas conturbado – além de não suficientemente extenso para uma magnificência idealizada pelo Sr.Lopes – a visibilidade é nula.

Esta permanente tentativa de reanimar o Parque, como se de uma intervenção médica se tratasse ("Clear!" choque "Clear!" choque) dura há demasiado tempo. É agora altura de abrirmos os olhos e encaramos os factos: o Parque Mayer morreu.

Esta intervenção, além de condenada, está envolta em factos e negociatas obscuras como a duvidosa troca efectuada entre a Câmara e os proprietários dos terrenos de 41.000 m2 edificáveis entalados naquela esquina recôndita da Av. da Liberdade por 61.000 m2 rasos e prontos para construção que representam grande parte do espaço da antiga Feira Popular. Um negócio que deve ter valido umas belas almoçaradas ao Sr. Lopes.

Lembro-me da primeira e única vez que lá fui. O meu Pai levou-me a mim a ao meu irmão almoçar num restaurante qualquer perdido no meio dos teatros. "Boa (pensei eu) vamos ao Parque Mayer!". Só vos digo que aquilo era digno de um filme do Fellini onde bêbados cambaleantes abraçam travestis anões, onde velhos surdos falam com as paredes e palhaços andam à procura do outro sapato tamanho 74. Além disto o restaurante era uma espelunca e a comida estava fria.

Libertem Lisboa deste cancro. Arrasem o Parque Mayer!

11 novembro 2005

Goodbye Maria Ivone

Depois do sucesso comercial do filme alemão "Goodbye Lenin" os produtores decidiram realizar uma versão adaptada a Portugal: “Goodbye Maria Ivone”. A história do filme será em tudo semelhante, passando-se o enredo nos anos 1988-1990.

Os produtores terão no entanto a vida bastante facilitada em relação à história original. Porquê, pergunta o leitor? Porque em Portugal nada ou pouco mudou desde então.

Goodbye Lenin (GLE): O filho tem que realizar notícias fictícias pretendendo iludir a Mãe de que o Honecker continua no poder.
Goodbye Maria Ivone (GMI): O filho não tem de realizar absolutamente nada. Nas notícias continuam a aparecer o Mário Soares e o Cavaco Silva num discurso de solteiros e casados.

GLE: Ambos os filhos tentam trocar Marcos da RDA por Marcos da RFA
GMI: Os filhos tentam impingir escudos ao Banco mais próximo em troca de Euros

GLE: O filho esconde da Mãe as profundas alterações sociais na Nova Alemanha
GMI: O filho não tem de se preocupar com nada pois as condições sociais não se alteraram, até ficaram pior.

GLE: O filho anda em busca desesperada de uma lata de pepinos para a Mãe, marca que já não existe.
GMI: O filho não tem de procurar nada. O atum Bom Petisco continua vivinho da silva nos supermercados e a ser o preferido dos portugueses.

GLE: Os filhos têm de esconder da Mãe os novos automóveis que circulam na antiga RDA.
GMI: Nesta versão não têm de esconder nada. Continuamos a andar com as mesmas carripanas. Os Jaguares, BMW’s e afins basta dizer que são os políticos e o patronato que andam a roubar o proletariado.

GLE: Os filhos têm de subornar uns miúdos para cantarolar umas músicas da revolução bolchevique.
GMI: Aqui não precisa subornar ninguém, basta ligar a Rádio Renascença e continua a dar o António Variações, Sanita Jalomé (perdão Janita Salomé), Luís Represas, e compadres.

GLE: O filho tem de esconder que a polícia repreende severamente manifestações pedindo mais liberdade.
GMI: Aqui tudo na mesma, as manifestações continuam pedindo exactamente a mesma coisa.

Com vêm os custos serão bastante reduzidos, nada de grandes produções à Hollywood, talvez perca um pouco em interesse.

A música já está escolhida. Será aquela grandioso tema:
“Ó Ivone,
Ó Ivone,
Ó Ivone,
Goobye my love”

08 novembro 2005

eXpoSIçÃo

Está patente na galeria "O meu cérebro" a exposição "Imagination: where have you gone?"
A mostra é constituida por uma série de trabalhos e intervenções de diversos grupos artísticos nacionais e internacionais como os Massa Cinzenta, reconhecidos a nível europeu pelas suas intervenções "Poubelle, plus belle" e "Trash Cash", ou os Slowly Fadding os famosos anglo-saxónicos de No Creativity Street.
Mostras individuais de pintura e escultura estarão igualmente patentes.
A não perder, por exemplo, os trabalhos a metal de António Mente Conturbada "Acéfalo" e "Perdi um parafuso", mas igualmente as telas de Inconstância Cerebral "Caminho a nenhures", "Vazio", "Escuro, tanto escuro" ou "Isto não faz sentido, eu sei".
A exposição estará aberta ao público até data a determinar. Todas as peças são comercializáveis por um valor simbólico de um ansiolítico (1,00 A). Há comes e bebes.
Se quer receber regularmente as novidades desta galeria deixe o seu comentário.

07 novembro 2005

Just do it (also)

Hoje faço minhas as sábias palavras da Cat.

A ler com atenção e sem moderação.

03 novembro 2005

Panda


02 novembro 2005

Trabalho

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O excesso de trabalho tolda-me a criatividade e a imaginação