23 abril 2010

Air Gama, first class

Tratada a formalidade de sermos nós a pagar a factura das viagens da Sr.ª Medeiros, descobre-se hoje que as viagens custarão uma bonita soma de sensivelmente 2.500 Euros por mês ao erário público.
Bonito!
As viagens da parisiense/lisboeta/turista/deputada serão equiparadas aos deputados eleitos pelos círculos da Madeira e dos Açores que viajam em executiva.
Tirando novamente alguns pensamentos mais criminosos e revoltantes, sublinho os seguintes pontos (a numeração segue os pontos do post anterior):
6. Então não é que os excelentíssimos senhores deputados viajam em executiva? Não podem fazer uma viagem de umas horitas sem ser em cabine normal. Mas que raio de descaramento é este? Então e apertar o cinto (o filosófico, não o do avião), isso é só para alguns?? Mas que merda que estes políticos não percebem caralho! .
7. Feitas as contas, e depois de ir apanhar um bocado de ar fresco para continuar a dissertar mais calmamente, serão cerca de 30.000 euros anuais, só com uma deputada. Se tivermos em linha de conta que se o total de 11 deputados eleitos pelos Açores e pela Madeira pelos diversos partidos utilizarem igualmente esse limite para as suas deslocações, isso conduziria a uma belíssima quantia de 330.000 Euros mais os 30.000 da Medeiros: 360.000 Euros anuais só em deslocações. Em executiva.
Gostaria de alertar os alegres saltimbancos da Assembleia para, por favor, deixarem de confundir "Executivo" com "em executiva", uma coisa não está necessariamente ligada a outra e os nossos bolsos agradecem.
Eu por mim já sei: nas próximas legislativas mudo-me para Tombuctu, mas concorro pelo círculo de Aveiro, pode ser que pegue.
Ah, e viajarei em executiva.

21 abril 2010

Air Gama

Inês de Medeiros, deputada eleita pelo PS por Lisboa mas residente em Paris, conseguiu levar as suas intenções a avante e será o Parlamento, com a douta aprovação de Jaime Gama, a custear uma viagem por semana entre as duas capitais para que a Exma. Deputada possa exercer a função para a qual foi eleita.
Alguns pensamentos passaram pelo meu frágil cerebelo (uns mais enfurecidos e criminosos do que outros, confesso) quando li esta magnífica notícia hoje, sendo que de qualquer forma me apraz tecer os seguintes comentários:
1. Quem foi o imbecil socialista que se lembrou de convidar Inês de Medeiros, residente em Paris, para o círculo de Lisboa? Um incompreendido iluminado de certeza. Será Sócrates? Será Lacão? Chuva não é certamente, porque chuva não é tão estúpida assim.
2. Porquê que Inês de Medeiros, cujos dotes políticos se assemelham certamente à minha capacidade para dar toques na bola, poucos portanto, aceitou um tacho, perdão cargo, em Lisboa quando reside em Paris? Alguém lhe assegurou que as viagens seriam pagas pelo Parlamento, ou seja todos nós.
3. Porquê que a lei que regula a constituição das listas eleitorais, e que me perdoem se estarei em completa alucinação, não obriga a que um candidato tenha que residir no círculo a que concorre ou, no limite, vá lá, no próprio País em que concorre. É que se Inês de Medeiros residisse em Malé seria um pouco mais complicado.
4. Se o parlamento vai custear uma viagem por semana e se a Sra. Medeiros se recusa a ser ela a pagar as viagens, como tão prontamente afirmou, isso basicamente quer dizer que virá unicamente uma vez por semana a Lisboa. Aposto que uma dessas viagens será sempre no final do mês para receber o salário, por completo apostaria também, de deputada a tempo inteiro. Pois claro, a desfaçatez, quando acontece, não tem pejo em se repetir em contínuo.
5. Com que rigor e clarividência apresentará à Nação a deputada Inês de Medeiros os problemas dos Lisboetas? Sabe por acaso quais os problemas, de facto, desta cidade? É que não sei ao certo quantas vezes são referidos os problemas de Lisboa no Le Monde ou no Libération, mas sei que certamente serão escassas, para não dizer Nunca!
Senhores políticos, muitas vezes ouvimos V. Exas. a dizer "temos que perceber o povo", "sentir o pulso à nação" ou mesmo "ouvir os portugueses", pois bem aqui vos digo: vocês não passam de uns biltres palhaços, gatunos de fato e de facto.
É uma vergonha que o Parlamento, nós portugueses a quem são pedidos sacrifícios e mais sacrifícios, tenha que custear as viagens de uma deputada que nem sequer reside em território nacional. Uma vergonha, uma afronta, uma ignomínia, uma obscenidade, uma alucinação colectiva de uma classe que vive fora do contexto da sociedade que pretende gerir mas sobre quem cospe.
Os políticos apresentam a factura dos seus devaneios, o povo paga.
Para quando o dia em que pagarão a factura dos vossos comportamentos?

06 abril 2010

Gosto de graffitis