24 abril 2008

Realidades

Os franceses têm a Carla Bruni.

Nós temos a Manuela Ferreira Leite...

Está tudo dito.

18 abril 2008

Carta aberta ao meu irmão.

Rodrigo,

Partilhei contigo inúmeros momentos, incontáveis sentimentos, imensas alegrias, algumas tristezas.

A minha maior mágoa terá talvez sido quando regressámos a Portugal e fui viver com a Mãe, separando a nossa união perpétua, como um pacto de sangue que secretamente fizéramos. Passei a ver-te ao longe, embora estivesses sempre por perto. Foi doloroso e árduo, imaginar-te só, saber-te baralhado, confundido, atrapalhado, num mundo novo por descobrir. Ver-te a chorar na Praça de Algés onde fomos parar não sei bem porquê. Sei que tentei dar-te algum apoio, nesse e noutros momentos, talvez tenha pecado por escasso. Se assim foi peço o teu perdão.

Quando os nossos Pais se separaram recordo-me de ter decidido ficar com o Pai, na Suiça, não porque era o Pai ou a Mãe, para ser sincero e porque talvez na altura não percebia o que se passava, que estava a decidir uma vida e não um simples momento, mas sobretudo para estar junto de ti, continuarmos as nossas brincadeiras, aprofundar as nossas afinidades, para não nos separarmos.

Não me arrependo dessa decisão.

E foi assim que partilhámos muitos anos da nossa vida, muitos anos da minha vida, pois a tua existia ainda antes de eu pisar este mundo. Fizemos o caminho com felicidade, como deveria sempre ser, como um percurso dourado, brilhante e quente.

A única vez que nos chateámos a sério foi em Paris. Estávamos sozinhos em casa e começámos a discutir nem sei bem porquê, um assunto menor certamente, e de repente voaram estaladas. Passado algumas horas fui ao teu quarto pedir-te desculpas, não por achar que tinhas razão, mas para não ficarmos assim zangados, virados um contra o outro. Não as aceitaste.

Infelizmente o tempo e a idade tomaram conta de nós, das nossas vidas, das nossas amizades díspares, das nossas saídas em separado, dos cursos superiores distintos.

Tenho poucas certezas nesta vida, ando à procura de muitas respostas para muitas questões, como certamente tu andarás, mas tenho duas que ficarão comigo para sempre. A primeira é de que me sinto outro desde que nos separámos, diferente, algo em mim não está certo, parte de mim sente uma angûstia permanente que tem afectado a minha vida desde esse momento. A Catarina tem sentido na pele essa minha tristeza intríseca que dura e dura e dura. Não pedi pilhas Duracell para o meu coração. A segunda é um pouco o oposto, a felicidade extrema de seres meu irmão, de teres partilhado tudo comigo, de continuares a fazê-lo apesar da escassa comunicação vinda de mim, o orgulho que tenho em ti, no homem que te tornaste, na pessoa que és.

Tornei-me mestre em escrever textos lamechas à tua conta.

Espero que tenhas algum orgulho em mim também, nem que seja por ser teu irmão. Nem que seja por saberes que poderás sempre contar comigo, a qualquer minuto da tua vida, a qualquer passo que dês e para o qual precises da minha ajuda. Fazes parte de mim.

Rodrigo, o meu mundo sem ti não seria o mesmo, seria um espaço com menos luz, menos brilho. Apesar de não nos vermos muito, culpa minha certamente, eu sei que existes, que estás por cá, e isso reconforta-me o coração. Admiro a pureza que continuas a manter. Nunca a percas pois faz de ti o homem único e maravilhoso que és.

Amo-te bro.
Parabéns!

16 abril 2008

Texto ao meu Avô, escrito pelo meu Pai

"O meu pai fazia anos hoje, penso sempre muito nele neste dia.
Lembro-me muito da cara dele, do seu temperamento, da sua calma aparente, do quanto me foi ensinando ao longo da vida, mais pela acção exemplar do que pela palavra.
Já uma vez o escrevi, o que sou a ele o devo. Não tivesse ele tido a coragem de partir para África com 17 anos, permanecendo lá cerca de 10 sem vir a Portugal, estaria eu talvez como pastor a tratar das ovelhas de alguém, lá nas encostas serranas por onde tantas vezes me levou e com ele aprendi a interpretar, a sentir.
Homem de poucas falas, dizia o essencial, no momento devido.
Uma bela tarde, em São Romão, em que me irritei com um dos meus filhos ainda pequenos e lhe chamei um nome que já não recordo , do género "não sejas parvo", olhou-me nos olhos com toda a serenidade do Mundo e disse-me: "Nunca insultes um filho teu".
Fazes-me falta, pai."

11 abril 2008

A vergonha olímpica

O percurso da chama olímpica está manchado de vergonha.
Enquanto decorrem manifestações por esse planeta fora para mostrar o apoio internacional à causa Tibetana, os donos do olímpo estão preocupados em manter intacta a tradição que a chama promove e o símbolo que transmite. Até certo ponto estou de acordo com eles, mas a que preço?
Uma coisa é uma chama pura e etérea carregada por atletas de renome a quem coube a glória e honra de transportar a mesma, apoiados pacificamente por milhares de pessoas. Outra completamente diferente é esses atletas irem rodeados de oficiais chineses e de policias locais no sentido de proteger um percurso e um símbolo que se dilui exactamente pelas circunstâncias em que sucede.
Apoio o percurso da chama e penso que se deveria manter, como símbolo que é, mas fazê-lo sob escolta policial apertada, entre caminhos percorridos aos soluços, agarrões de manifestantes, extintores activados à sua passagem, prisões da apoiantes do Tibete e transporte de autocarro quando convém, penso ser um preço demasiado alto a pagar, um esbater completo do simbolismo que a própria chama insere.
Imaginem um atleta que, pela primeira vez tem a honra de tranportar a chama e que se vê neste autêntico filme, rodeado de seguranças e de pessoas a vociferarem na sua direcção. Tristes cenas.
O problema nasceu logo à partida com a atribuição dos jogos à China. Concordo que o desporto deva ser apolítico e que serve para unir os povos, mas uma vez que é claramente usado como arma política deveriam os senhores das Olimpíadas ter pensado um pouco mais e não atribuir os jogos a um país em que os direitos do Homem são historica e continuamente espezinhados pelos ideais vermelhos.
Shame on you, shame on them, shame on all of us.

04 abril 2008

Music was my first love

"A música diz o que não pode ser dito e o que não pode ser silenciado"
Victor Hugo

01 abril 2008

Growing