28 fevereiro 2007

Quote

"You can only be young once, but you can always be imature"

Dave Barry

26 fevereiro 2007

O pequeno príncipe

Marques mendes veio hoje a público afirmar aos meios de comunicação social que “a solução para resolver o problema [da Madeira] passa por convocar eleições".
Mas que problema?
A fome no mundo? A cura para a SIDA? O metro do Porto? As aparições de Fátima? A guerra do Iraque? O terrorismo mundial? O aquecimento global? A verborreia do Marcelo Rebelo de Sousa? Qual problema?
O Sr.Mendes certamente não se refere ao problema criado pelo próprio Alberto João ao esbanjar dinheiros públicos sucessivamente e sem vexame, indo contra todas as regras de governação pública e regional, pois não? Certamente não se refere ao facto de esses dinheiros não terem minimamente preparado o futuro da ilha da Madeira de forma a precaverem-se de um qualquer governante do Continente que viria (haveria de chegar um dia caramba!) fechar a torneira dourada, acabar com o maná? De certeza que não é relativamente ao problema do buraco que o Alberto João deixa agora e que, com eleições antecipadas, quanto muito vai fazer é crescer?
Nã...deve ser outro problema.

22 fevereiro 2007

Novo Homem

Cada vez mais admiro pessoas que fazem a diferença, que lutam pela diferença, que batalham por causas em que acreditam e que trazem esperança e paz onde não existiam.
Paul Newman é certamente uma dessas pessoas.
Venerado actor seguido por uma legião de fãs, não se limitou a ser uma estrela, a servir Hollywood ou tirar os frutos do seu trabalho dormindo à sombra de uma bananeira dourada. Newman fundou em 1982 a Newman's Own uma empresa de alimentação com fins lucrativos, mas cujos lucros revertem na totalidade para obras de caridade. Aquilo que nasceu como um pequeno projecto local de caridade acabou por se tornar um verdadeiro Império do Bem, tendo doado até ao momento cerca de 200 milhões de dólares.
A marca que começou com um molho para saladas pôde expandir-se graças ao franchising, sempre com o mesmo objectivo, com a mesma constante ambição, podendo ser encontrada hoje em pipocas, molhos mais diversos, sumos de limão e laranja, bolachas, cafés, comida para animais entre outros.
Em 1988 fundou o "The Hole in the Wall Gang Camp" um campo de férias que alberga cerca de 1.000 crianças com cancro e outras doenças graves, entre os 7 e os 15 anos, gratuitamente. Anualmente são 13.000 crianças que passam por lá umas férias certamente inesquéciveis.
Além desta magnífica obra de caridade, adoptou inúmeras crianças orfãs em países desfavorecidas. Um coração enorme de facto. De referir que ao seu lado, sempre ao seu lado nestas andanças está a mulher dele, Joanne Woodward, a quem se deverá certamente muita paixão e labor nestes projectos.
O empenho de Newman faz parte deste enorme sucesso, ele que como tantos poderia viver alheado da realidade mas que preferiu abraçá-la e alterá-la sempre que possível.
Fazer a diferença, lutar por essa diferença.
Deixo aqui uma vénia sentida a este grande actor e enorme ser humano. O mundo fica mais rico com pessoas como ele.

16 fevereiro 2007

Que belo jardim

Em mais uma fantástica tirada do Sr. Alberto João Jardim, o mesmo referiu que os portugueses "não têm testículos para dizer que o referendo não é vinculativo".
Estou dividido quanto a esta matéria.
Por um lado, afirmar que o tuga não tem tomates quando se quer reprovar uma lei favorável ao aborto é um contra-senso, um argumento não lógico. Se não tivéssemos os ditos, não haveria necessidade de qualquer lei.
Por outro, até concordo com o Sr. Jardim quando afirma que não temos tomates. Para mim essa realidade é há muito assumida quando verifico que o Alberto João continua a poder exercer funções de pequeno ditador na pequena ilha de sotaque estrânhú. Se tívessemos os ditos, o Jardim já teria sido amarrado num barquinho em direcção a Cuba. A ver se em território do Fidel o deixam dizer as bujardas do costume.
Sr. Jardim, faça-nos a todos um favor, cale-se. Ou mesmo desapareça, reforme-se ou morra porra, mas por favor cale-se.
Um abraço do Continente.

15 fevereiro 2007

What's up doc?

Há coisas nas séries televisivas de suspense e investigação que me irritam de sobre maneira.
A principal é que, dependendo do tipo de seriado, o caso é sempre resolvido como convém aos zelosos argumentistas.
Assim numa série que envolve advogados, são sempre eles que, visitando o local do crime, descobrem preciosas pistas "esquecidas" por detectives incompetentes e acabam por perseguir o criminoso até à barra dos tribunais e consequente condenação. Aqui o detective e a polícia raramente aparecem.
Noutra série de detectives, são eles que, chegando ao local do crime, verificam que a unidade forense não teve em conta o precioso pormenor da beata deixada no cinzeiro a partir da qual vão resolver toda a tramóia (que bela palavra esta: "tramóia") e prender o criminoso. Que se lixem os advogados, o CSI e a polícia de giro, aqui são eles os "donos da bola".
Noutro seriado, são os competentes gajos do Crime Scene Investigation que resolvem tudo de fio a pavio graças à valiosa mucosa do criminoso deixada por cima da parapeito da janela da esquerda. Perseguem-no por todo o lado até à captura, a polícia assiste a tudo de braços cruzados bastando aparecer na cena final. Os advogados nunca aparecem, nem sequer são mencionados a não ser para tentar defender os seus clientes crápulas.
Noutras, por fim, é o mero cidadão comum que não confia no sistema policial ou judicial e decide investigar por conta própria o assassínio da vizinha, encontrando indíces que ninguém tinha descoberto até então, desfiando o profundo meandro de um complot que levaria à morte do Presidente. Os detectives, o CSI e os advogados só servem para atrapalhar.
Em que é que ficamos?

13 fevereiro 2007

Taxi

Tou farto de andar de Taxi.

Carros sujos e mal cheirosos. Condutores grunhos, racistas e mentecaptos que se consideram os reis das estradas, conhecedores de caminhos secretos e que fazem sempre um ar de quem nos está a fazer um grande favor.

07 fevereiro 2007

Resposta aberta ao Pinochet

Caro Pinochet, antes demais deixa-me referir que eu não quero ser igual aos outros países. Mesmo que os outros países tivessem uma lei que dizia não, eu votaria sim, não para ser igual ou diferente, estou-me a marimbar para isso, mas sim porque acho que é o mais correcto.

Não vivemos numa utopia, mas sim num País bem real que se debate com inúmeros problemas. Os defensores do sim, como escrevo no meu post, também querem planeamento familiar, mais apoios de todo o género, etc etc... mas o que acontece é que neste momento essas condições são nítidamente insuficientes, e continuarão a sê-lo.

A clandestinidade, as clínicas de aborto ilegal, são o que de pior pode existir para mulheres que já decidiram por essa via, e acredita que é uma decisão bem ponderada (não quer dizer que, como em tudo, não haja excepções). Se num hiato de história existe uma lei que pune com prisão as mulheres que façam um aborto e mesmo assim as mulheres fazem-no, o que isto te diz sobre esta lei? Que é totalmente inadequada e desinserida na sociedade que tenta regimentar. Temos que mudá-la! Já!

Eu também sou pela vida. A afirmação de que os defensores do sim não o são é de um radicalismo repudiante. Eu quero que não haja abortos. Zero. Mas se os houver, e vai haver, quero que a mulher possa optar, que a mulher possa decidir sem ameaça de ir parar a um tribunal, sem ter que se preocupar em esconder as lesões de um aborto clandestino com medo dos médicos nos hospitais públicos. Eu quero que isso acabe. De vez.

Advogar que não se pretende penalizar as mulheres e ir votar não, na minha opinião é uma hipocrisia, porque se criares condições para que haja despenalização, quer seja o sim ou o não a ganhar, vais deixar que os abortos continuem a ser feitos na clandestinidade? Com que moral? Uma vez que não é crime (ou é poéticamente intitulado “crime sem pena”) mais vale fornecer as condições de suporte necessárias para que o processo seja feito da melhor forma possível.

E porque não o sim? Porque não? O que o voto no não cria é uma imposição legal sobre as mulheres que as proíbe de exercer uma vontade que, quando é tomada, é bem ponderada, eu nisto acredito no bom juízo das mulheres. O que cria é uma profunda desigualdade social em que as mulheres com recursos vão a Espanha ou a Inglaterra e as mulheres sem posses recorrem aos métodos mais escaborosos possíveis. O que o voto no sim traz é o poder decidir livremente, sem ameaças, e com a garantia de, caso se opte pelo aborto, se tenha as condições médicas para o realizar, sem medo, sem juízos de valor, sem ostracismo social ou legal.

Eu também não concordo com as pessoas terem relações sem se precaverem e sem terem a consciência dos seus actos, mas vais penalizá-los por causa disso? Quem somos nós para decidir sobre a liberdade dos outros? Eu sou a favor dos filhos, de se ter filhos, da maternidade, da paternidade, mas quero que seja feito em plena harmonia, em profunda consciência e consideração. Ter por ter, porque és obrigado a ter, porque te impoêm que tenhas, isso não.

E é exactamente por não calhar poder ter os filhos que deves votar sim. Porque às vezes, muitas vezes, não se pode mesmo, não existem condições para ter filhos, sociais, financeiras, morais ou psíquicas. Uma criança não é uma brincadeira, é um compromisso que segue para além da tua vida e por isso não podes impor a tua vontade a quem não queira tê-los, tens que deixá-los decidir. E que moral têm os homems que muitas vezes são os primeiros a aconselhar para optar pelo aborto, só porque "vai arruinar a minha vida"? Quantas vezes não ouviste isso? Ainda és novo, talvez ainda hás de ouvir, mas digo-te que se os homens engravidassem já existiriam clínicas legais em cada freguesia.

Por isso te digo, eu não sou a favor do aborto, nem especialmente contra, mas vou votar sim sobretudo para que as mulheres a quem possa acontecer engravidar e que não queiram ter os filhos, seja qual fôr a razão, possam pelo menos ter a liberdade de optar em ter ou não, e já agora sem serem criminalizadas caso optem por não os ter.

06 fevereiro 2007

Porquê

Digo não à continuação de um status quo podre em que as mulheres sofrem psíquica e físicamente devido à repressão e ao recurso à clandestinidade.
Digo não à hipocrisia que pretende despenalizar, existindo crime, mas não existindo sanção. É como dizer, não faças, mas se fizeres não te preocupes que não te acontece nada.
Digo não à perseguição injusta a mulheres que já sofreram o suficiente e que acabam na barra dos Tribunais, condenadas, oprimidas, suprimidas.
Digo não a uma sociedade em que um grupo impõe a sua vontade por força de lei e de ameaça a outro grupo que só pretende a liberdade de escolha.
Digo não a falsos moralismos em que indivíduos defendem teoricamente o que não fazem na prática.
Digo não à sobreposição de uma vida que ainda não o é, prejudicando permanentemente outra que ainda floresce.
Digo não ao escrutínio que se pretende impôr às mulheres quanto às razões pela qual decidem por uma via que é a mais difícil e não a mais fácil.
Digo não a todos os que pensam que não pretendemos ajuda social, apoio às mães, educação sexual, reforçar o uso dos métodos contraceptivos. Queremos isto, e muito mais.
Digo não a um voto inútil que mantém imutável o estado de uma Nação decrépita, os valores de um Estado em falência.
Digo não, e por isso voto sim.

02 fevereiro 2007

Moon sweet moon


01 fevereiro 2007

Na tua ausência

Na tua ausência o sol torna-se escuro, o ar que me envolve torna-se áspero, a luz que me rodeia torna-se baça.

Aqui no quarto olho para os teus quadros e relembro cada um dos teus gestos, cada um dos teus movimentos, todos os teus perfumes.

Pela janela aberta entra já um calor de verão e eu, aqui sozinho por baixo dos lençóis, não consigo pensar senão na tua ausência, na tua constante presença.

A ligeira e quente brisa que sopra nos meus cabelos faz-me lembrar a ternura das tuas carícias, a suavidade das tuas mãos, o calor da tua pele.

Sinto-me só, sinto-me completo.

A lua lá fora faz-me desejar estar aí contigo, abraçado com fervor ao teu corpo quente.

Na tua ausência o tempo torna-se intemporal, um segundo parece um minuto, um minuto uma hora, uma hora uma eternidade, uma eternidade uma vida.

As estrelas são o espelho dos teus olhos, reflectem o teu sorriso, imitam o teu brilho.

Ouço a tua voz no silêncio que me abraça, abraço o silêncio ao som da tua voz.

Vou adormecer a pensar em ti, a pensar em nós, a sonhar no momento do teu regresso.

Na tua ausência o sol da minha vida está à sombra.

E na penumbra da noite fecho os olhos na tua presença.