28 julho 2009

Sonhei que morrias

Hoje sonhei que morrias.
Sonhei que ias com o vento.
Acordei ofegante e suado
Desta dor que me trespassou.

Sonhei que deixavas de respirar
De forma súbita, perfurado por uma faca.
Sonhei que me olhavas uma derradeira vez
E me dizias com os olhos: amo-te.

Hoje pensei numa vida sem ti.
Nos momentos vazios que se construiam.
Nos jantares de família onde o teu lugar permanecia
Ocupado somente pelo espaço que era teu.

Hoje sonhei que morrias
E que eu também morria contigo.

14 julho 2009

Black lizard of the dream tree

I am the black lizard of the dream tree
I eat hope and spit men.
I am dust, I am fire, I am lust.
I conquer lives, surrender souls.
Break hearts and poison spirits.
I am the black lizard of the dream tree.

13 julho 2009

Strike

Um dia hão de me explicar como é que funciona uma greve dos guardas prisionais. Como é que é?

Deixam o pessoal sair?
Deixam os presos sem comer o dia todo?
Não batem nos presos?
Fecham os olhos quando os reclusos lutam entre eles?

10 julho 2009

Random thoughts

A presença dos outros pronuncia a minha solidão.

08 julho 2009

Petits poémes en prose

Qui aimes-tu le mieux, homme enigmatique, dis? Ton père, ta mère, ta soeur ou ton frère?
- Je n'ai ni père, ni mère, ni soeur, ni frère.
Tes amis?
- Vous vous servez là d'une parole dont le sens m'est resté jusqu'à ce jour inconnu.
Ta patrie?
- J'ignore sous quelle latitude elle est située.
La beauté?
- Je l'aimerais volontiers, déesse et immortelle.
L'or?
- Je le hais comme vous haïssez Dieu.
Eh! qu'aimes-tu donc, extraordinaire étranger?
- J'aime les nuages... les nuages qui passent... là-bas... là-bas... les merveilleux nuages!

Baudelaire, 1869

07 julho 2009

Straight to the point!

Com o intuito de combater as permanentes violações às suas liberdades, impostas nos guetos de Paris por repressões islâmicas já enraizadas, um grupo de jovens mulheres criou em 2003 um movimento cujo nome não deixa muito à imaginação: Nem Putas Nem Submissas.
Em Fevereiro desse ano, em Vitry-Sur-Seine, na periferia de Paris, a jovem Sohanne de origem magrebina foi queimada viva porque queria simplesmente viver como todas as jovens ocidentais: sair, dançar, namorar, estudar. Foi assassinada por ter este simples sonho.
Como ela, outras sofrem em silêncio nas mãos desta repressão islamista, como Ghofrane que morreu apedrajada nos arredores de Marselha, mas também tantas jovens que casam sob ameaça e forçadas a relações que roçam por vezes a pedofilia.
É bom saber que existe quem lute pelos direitos dos outros. Quem lute pelas mais elementares liberdades. Liberdades que em pleno século XXI continuam a ser uma miragem para muitas mulheres do Islão.

Viagem

Ando.
Continuo pelo caminho.
Passo após passo.

Este caminho cinzento,
Raramente iluminado,
Obscuro.

Um caminho que permanece,
Apesar da sua mobilidade.

Um caminho que me leva algures,
Mas para onde?
Se nem eu sei para onde vou,
Ou sei o que serei.

Estou cansado
Destas pedras que piso,
Deste asfalto fétido e quente,
Destes sapatos desfeitos.
Rasgados pela minha alma,
Vazios de mim.

Cansado desta fronteira invisível,
Deste vento que me empurra,
Que me desfaz a roupa e corta a pele.

Como uma lâmina ferrugenta,
Como garras de prata.

Por baixo deste sol áspero,
Obsceno na sua força,
Amargo na sua insolência,
Continuo pelo caminho.

Que apesar da luz que quase me cega,
Raramente se ilumina
E permanece obscuro.

06 julho 2009

To bi or not to bi

Isto de a bisexualidade estar na moda para mim não dá.

Call me old fashioned, mas estou out!