25 novembro 2008

Há dias de azar

No passado dia 30 de Outubro, perto de Santarém, um homem morreu atropelado pelo próprio carro.
O insólito aconteceu quando o carro que dirigia ficou atolado na Estrada Nacional 365 tendo o indivíduo saído para empurrar a viatura. O pormenor mordaz da história prende-se com o facto do pobre senhor não ter analisado o terreno íngreme em que se encontrava o carro, que estava imobilizado numa subida.
Pois não é que ao empurrar e deslocar o automóvel este movimentou-se e atropelou-o mortalmente?
Por breves momentos ele deve ter pensado "estou a conseguir, estou a conseguir, estou a ...". O ponto positivo é que ele conseguiu mesmo desatolar o carro.
O destino é por vezes repleto de humor negro.

18 novembro 2008

Porque treme a mão de Deus

Porque treme a mão de Deus?
Um planeta à deriva, um mundo náufrago de si próprio, um globo quadrado. Um lugar onde impera a tristeza, a mágoa, a solidão, a saudade de um tempo melhor, visões de um futuro inóspito. Deixados ao abandono, sem causas, com caos, sem retorno, sem ideais a não ser talvez o único e genuíno desejo de ser feliz.
Deus já não mora aqui, mudou de ares, tirou umas longas e merecidas férias de um trabalho árduo e sem reconhecimento. Estava a ficar velho, obtuso, inconsequente, e como os velhos de bengala na passadeira que param os carros, ofendidos, também ele se tornou rezingão, chato, maçador, incómodo. Porque a mão Dele treme, o mundo anda a soçobrar perante o peso do Homem, um peso insuportável num cargueiro demasiado cheio de ilusões.
Porque treme a mão de Deus?
O homem sonha, mas o sonho tornou-se fútil, tornou-se amargo, árido. O que era outrora terreno fértil para novas descobertas, é hoje um baldio pouco cuidado por senhorios cheios de si, cheios de nada, vazios de propósito, propositadamente ocos. Ele foi-se embora e talvez não volte mais. Talvez prefira virar as costas a quem já Lhe virou as costas, a quem só olha para o umbigo e fica cego ao clamor dos outros. Quando outrora tremia a mão para semear felicidade, hoje treme a mão de senilidade, deixando-nos perdidos, sós, subjugados por uma força invisível. Uma força que nos puxa, nos empurra, nos oprime, nos magoa, nos rasga.
Deus já não mora aqui, mudou-se para um T5 em Saturno com vista para o Sol e garagem. Precisava de descansar após uns milhares de anos de labor contínuo. Deve ter olhado para baixo e exclamado: “que se foda!”. E porque a mão Dele treme tanto resolveu parar, talvez para sempre, talvez para nunca mais regressar, até que a mão pare de tremer, deixando o mundo a oscilar suavemente, ao Deus dará.

10 novembro 2008

Há dias e dias

Há dias muito complicados para sair da cama...

06 novembro 2008

Represas

Alguém leve o Luís Represas ao Sr. Cão para uma valente tosquia, um banho de espuma especial anti-pulgas e um corte nas unhas.

Por favor.

05 novembro 2008

Até que enfim...

03 novembro 2008

"Mad" Sarah - Epilogue

Brevemente chegará ao fim a aparição de Sarah nas nossas vidas diárias.
Tão rapidamente quanto chegou, "Mad" Sarah e o seu obnoxious piscar de olho, o seu discurso recheado de humor involuntário, a sua visão supersónica da Rússia além estreito de Bering, as suas gaffes permanentes, a sua permanente, os seus óculos e o seu tailleur desaparecerão do nosso universo mediático.
Por agora.
Contive-me durante algum tempo em voltar a escrever sobre a candidata fantoche a um lugar fantoche nesta fantochada que se tornou o ticket republicano, sobretudo para que este blog não se tornasse um mero panfleto político, mas agora que o fim está tão perto como o Alaska está das terras soviéticas pareceu-me indicado voltar à carga para um epílogo final.
Nos derradeiros soluços de uma campanha soluçante, descobriu-se que Palin gastou mais de 150.000 dólares em guarda-roupa para si e sua família para poder andar condignamente a representar o mito da hockey mom pronta para tudo. Será que o puto imberbe lançado para a ribalta e para a paternidade foi agraciado com algum desse financiamento? Fiquei curioso. E 150.000 dólares para aquilo? É tempo de irem ao fashion adviser ali para os lados do Montijo.
"Mad" Sarah que tão orgulhosamente caça e, espante-se, esfola alces (provavelmente também lhes come o coração ainda quente, mas isso já é a minha mente atribulada a especular) foi apanhada numa chamada telefónica de um humorista canadiano que se fez passar pelo presidente francês Nicholas Sarkozy a convidá-lo alegremente para uma caçada quando se encontrassem. Revelou igualmente a sua hidden agenda ao desvendar que quer ser presidente dos Estados Unidos dentro de oito anos, pelo que me reservo o direito de abandonar o planeta terra em 2016 caso Sarah seja eleita pelo estupidificado povo americano. Pior do que as suas intenções, revelou o óbvio: que os próprios republicanos estão descrentes numa vitória e de que Palin tem, como aliás comprova o seu passado político, o nefasto hábito de morder a mão que a alimentou.
Fruto dessa cresente descrença, nos últimos tempos assistiu-se também a uma sombria guerrilha de bastidores com o staff de Palin e McCain a atirarem-se culpas pelo falhanço das suas candidaturas. Nos headquarters das campanhas tem-se sobretudo testemunhado o envio permanente de curriculums pessoais e a consulta de site de empregos agora que o sonho terminou.
De Palin ficará para já a memória de nada, de uma personagem que passou por nós como o Speedy Gonzalez para nos alegrar a paísagem e os sorrisos, vazia de conteúdo, cheia de nada, repleta de clichés e de insinuações, de Joes Six Pack ou de Joes the plumbers. Da sua política e das suas propostas nada restará também a não ser talvez uma bocejante e perigosa ideologia de uma América receosa e isolada do resto do mundo.
Depois disto tudo, será que voltaremos a ver a nossa querida Sarah? Para bem ou para mal, e com um ligeiro piscar do olho direito: You betcha!