28 março 2005

Céu

Ainda agora chegou a chuva, mas já tou com saudades de um céu assim.

04 março 2005

Apelo

Corriam os anos 70 ou 80, já não me recordo bem, apareceu na televisão portuguesa da altura um pequeno animal que nos derretia os corações ao fim do dia. Falo, é claro do Topo Gigio.

Nessa altura eu vivia em países evoluídos como a Suíça e a Bélgica onde esse fenómeno não existia e passavam desenhos animados que só alguns anos mais tarde o Vasco Granja, por entre as sombras chinesas, as marionetas e as últimas novidades de República Checa, se dignou a mostrar à juventude.

Quando aparecia por cá de férias para ver a famelga e tirar saudades do cozido e dos pastéis de Belém, olhava para o ecrã e ficava abismado com o absurdo que aquilo representava. O Topo Gigio é um rato? Fala italiano? É suposto ter piada? Que raio de cabelo é que ele tem? Que merda era aquela?? Via com algum assombro confesso os meus irmãos a deliciarem-se com o orelhudo da televisão e não percebia. Continuo sem perceber.

Anos mais tarde, estava ainda no ar a TV Rural e o Herman ainda tinha piada, apareceu o Vitinho, esse sim, já fazendo algum sentido para mim, mesmo que patrocinado por uma empresa de papas cujo nome não vou revelar mas que acaba em –ilupa.

Lanço aqui o repto de saber quem de entre vós apreciava o Topo, explicarem-me porquê e saber o que é feito do gajo? Será que agora trabalha na Fiat? Será que é adjunto do Papa? Será que é mecânico da Ferrari?

Tudo questões fundamentais para a nossa sociedade contemporânea portanto.


Se virem este animal, considerem-no perigoso e armado:

01 março 2005

"Dez minutos, um quarto de hora, máximo"

Gosto muito de jantar fora.

Mais do que gostar do acto de comer em si, gosto muito de me encontrar com um grupo de amigos e, por entre conversas sérias e disparatadas, trocar alguns risos sonoros, sentimentos e preocupações com aqueles que nos são próximos (pára vou chorar). No entanto, por vezes parece que entramos num mundo paralelo quando vamos jantar fora: é o mundo em que "um quarto de hora, dez minutos" se transforma em uma ou duas horas; um espaço abstracto em que "está quase" se torna numa irremediável espera quase infinita.

Deve existir um livro de conduta que é entregue a todos os empregados dos restaurantes deste país que diz o seguinte:

O cliente pergunta: "Vai demorar muito?" --> Resposta: "Nãããão é só um bocadinho, amigo(a)"
O cliente pergunta: "Mas quanto tempo?" --> Resposta: "Dez minutos, um quarto de hora máximo"
O cliente pergunta: "Posso esperar aqui?" --> Resposta: "Agradecia que esperasse lá fora"
O cliente pergunta: "Não se esqueceu do meu prato?" --> Resposta: "Ora essa, está mesmo a sair"

Qualquer empregado tem de decorar estas regras de conduta e está safo de qualquer problema.

A verdadeira culpa disto tudo é Portugal estar nas lonas."Portugal está sem dinheiro!" dizem eles, mas há filas para comprar 50.000 bilhetes entre 50 a 160 euros."Portugal está de tanga!" gritam alguns, mas o Algarve está cheio todos os verões."Portugal está à rasca!", clamam os dirigentes, mas os restaurantes estão sempre cheios.

Escusado será dizer que isto me aconteceu na semana passada. Duas horas ao frio por causa de um engano numa reserva e sempre a dizerem o inevitável "está quase".

Mundos paralelos.