01 fevereiro 2011

A dinâmica da escrita

O mundo em geral debate-se, hoje mais do que nunca, com uma dinâmica da escrita única.

Veículo de comunicação cada vez mais incontornável, o sms trouxe consigo o imperativo de uma construção frásica resumida ao máximo, restringindo ao mínimo possível as letras utilizadas para passar a informação desejada. Este imperativo levou-nos a adoptar abreviações atrás de abreviações, sublinhadas e optimizadas com a introdução fantástica dos smileys.

Lol, omg, bs, brb, cya, wtf, entre tantas e tantas outras abreviaturas que automática e intuitivamente abraçámos do inglês pululam como formigas por este mundo cibernético. Aliás, numa geografia relativa cada vez mais próxima, o inglês passou a assumir, ainda mais, papel preponderante nas comunicações.

O Twitter leva este recente paradigma de escrita a um novo patamar: 140 caracteres para passar toda a informação que desejas. Caso ultrapasses este número mágico és veladamente insultado: “Your tweet was over 140 characters. You'll have to be more clever.”. Ou seja, caso não consigas transmitir em 140 caracteres o que queres dizer, tens que tentar ser mais esperto. Felizmente para Einstein que a sua equação se resumiu a E=MC², pelos vistos estava mesmo muito à frente do seu tempo, caso contrário levaria com um “tens que ser mais esperto pá!”.

Numa segunda fase desta minimização da língua mundial observo cada vez mais pessoa que usam estes termos, mas falados. Explico: em vez de genuinamente rirem dizem lol; em vez de dizerem “oh meu deus” dizem omg. E agora uso eu uma abreviatura: wtf!! A primeira vez que ouvi alguém dizer “omg” respondi: O.N.G.? Há uma O.N.G. envolvida nisto? A Greenpeace? Quem? Estava obviamente errado e fui automaticamente alvo de um LOL despegado.

Pessoalmente abstenho-me sempre que posso de abreviar seja o que for. A abreviatura é o calão do pobre de espírito e a ronha do inteligente. Reconheço que os smileys uso, mas aí é porque um smiley consegue por vezes transmitir emoções que levaria parágrafos a descrever. São simples, simpáticos e transmitem, num piscar de olho, um piscar de olho.

;-)