30 janeiro 2007

Espera

Estou à espera que este País mude, estou à espera que este mundo mude.
Talvez seja a vã esperança de um dia verificar que o ser humano se tornou finalmente humano, o sonho utópico de não conviver no dia à dia com falsidão e falsidades, com hipocrisias, com imbecilidade, com ganância, com visões distorcidas da vida e da realidade, com mentecaptos ambiciosos e com uma sociedade coberta por um nevoeiro de fel.
Ilusões de um mundo melhor.

26 janeiro 2007

AXN - as provas do crime


Dario Oliveira


Liliana Neves


Os dois energúmenos.

25 janeiro 2007

Compromisso?

Paulo Pires representa o gestor prestige, um bancário alegre que aparece nas festas sem ser convidado, que parece gay, mas não é, ou que é e faz tudo para não parecer.

Ricardo Carriço é o cliente de prestígio, um novo rico a quem a juventude vai fugindo e se refugia em festas homo-eróticas e bailes de máscaras sórdidos.

O primeiro vem ao encontro do segundo para lhe oferecer um compromisso de ouro, simbolizado numa caneta monte branco, como quem diz "tenho as tuas contas todas, ganho balúrdios contigo, mas prontos, até sou um gajo porreiro e podes ficar com a minha caneta, mesmo se com o teu dinheiro até deves ter cinco iguais lá em casa".

Acabam os dois aos apertos de mão e abraços, sub-entendendo-se um casamento feliz entre ambas as partes, o bancário gay e o cliente gay.

E viveram felizes para sempre.

Uma gayzada de anúncio, uma gayzada de banco.

Not that there's anything wrong with it.

18 janeiro 2007

A secretária do Major


16 janeiro 2007

A minha participação por o mundo melhor.

Missiva enviada ao canal AXN. Em português para o Porto, e em inglês directamente para os States e Japão (o canal é da Sony).
Caríssimos Senhores,

Aplaudo o facto de ontem terem transmitido em directo de Los Angeles a cerimónia dos Golden Globes Awards. Para os cinéfilos, os Golden Globes, à semelhança dos Óscares, constitiu um dos pontos altos da época. Mas o aplauso limita-se a este facto.

Não se compreende como foi possível terem duas pessoas num estúdio, na figura de Liliana Neves e Dario Oliveira, que frequentemente falavam por cima dos apresentadores em Los Angeles e somente para dizer um rol sem fim de banalidades.

O Dario Oliveira ainda percebia de cinema, mas não muito, e eu sou um mero espectador. Daí a dizer que o Tom Hanks, com o Código Da Vinci, finalmente abandonou a comédia, é de chorar a rir, ou mesmo de chorar de pena. E os filmes Philadephia, O Naufrágo, Appolo 13, Forest Gump, por exemplo? São comédias? Dizer que o Jeremy Irons é um actor acima de qualquer suspeita, significa exactamente o quê? O expoente máximo foi quando se referiu ao Strip Tease como o melhor filme de Demi Moore. Em que planeta? Só se fôr no Planeta AXN. Uma vergonha.

A Liliana Neves então foi um autêntico vexame. Primeiro claramente porque só se preocupava com as roupas das convidadas ou com fofocas de meia tigela. Questionar os vestidos das actrizes com um Dario Oliveira que se estava completamente nas tintas para os mesmos é gastar o oxigénio precioso que Deus nos deu. Perguntar: "Então Dario, a Cameron Diaz que acabou há pouco tempo com o JustinTimberlake e agora está aqui tão feliz o que é que te parece?" friza o ridículo. O que é que isto tem a ver com os Golden Globes ou com cinema? Referir-se a Martin Scorcese, um dos grandes realizadores comtemporâneos, como "baixo, mas um homem de armas" é no mínimo ofensivo quer para o realizador, quer para os homens baixos. Uma vergonha.

É claro que estes não passam de exemplos que apontei numa maré infidável de imbecilidades que foram trazidas a largo por estes dois indivíduos.

Meus caros senhores, somente um alerta para o próximo ano: as pessoas que têm a paciência de ficar acordados entres a 00H30 e as 04h30 da manhã são obviamente cinéfilos interessados em não perder ao vivo aquilo que será banalizado pelos telejornais do dia seguinte; as pessoas que têm essa paciência, ou julgo 99,9% destas, percebem portanto inglês e não precisam que ninguém traduza em simultâneo, mal ainda por cima, perdendo-se tantas vezes as piadas e os momentos que tanto ansiamos e caracterizam cerimónias desta natureza; e por fim as pessoas que pacientemente esperam até às 04h30 da manhã não estão para ouvir alarvidades vindas de pessoas que não se sabe bem de onde veem. Do planeta AXN provavelmente.

Repito, parabéns pela iniciativa de transmitir a cerimónia, mas por favor, pooor faaavooor, para o ano deixem-se de grandes produções e sejam o canal que sempre foram, um canal de qualidade, sem grande interferências e sem apresentadores de meia tigela e transmitam os Golden Globes ao vivo e sem cortes.

Os cinéfilos de Portugal certamente agradecerão.

Gaveta


A gaveta do Voider, um verdadeiro hino à ineficiência.

15 janeiro 2007

Jaime Gama, um nojo!

No âmbito do processo "Casa Pia", veio a público na semana passada que em 1983 Jaime Gama terá ligado à Dra. Teresa Costa Macedo a questionar o porquê de ela estar a "perseguir" o Embaixador Jorge Ritto, seu funcionário e amigo.
Eu já não apreciava muito o Jaime Gama, mas depois de saber isto, ainda fiquei com mais aversão a este ser abjecto, este sapo ambulante.
O então Ministro dos Negócios Estrangeiros, em vez de se preocupar com assuntos da Nação, decidiu de forma clamorosa influenciar e pressionar um processo em investigação sobre aquilo que para mim é um dos crimes mais hediondos: a pedofilia.
Um homem com o seu cargo, na sua posição, deveria efectivamente ter telefonado, como o fez, mas o conteúdo deveria ser radicalmente oposto. Deveria ter sido um pedido claro à investigação, uma oferta de ajuda para apurar toda a verdade, doesse a quem doesse, mas não. Foi ao invés uma tentativa de apagar um crime inapagável, uma tropelia de um homem torpes, uma afronta de um homem esquivo, um silvo venenoso de uma cascavel.
Homens como este deviam ser erradicados da face do planeta, guilhotinados em praça pública, deixados a marinar em óleo escaldado e os ossos atirados na boca do inferno.
Jaime, enojas-me! És a escoria da humanidade, espero um dia poder cuspir no teu túmulo.

11 janeiro 2007

Aí que ía.

O IKEA, não contente com o facto de nos vender design ao preço da chuva e decorar as casas do inteiro planeta Terra, decidiu começar a comercializar a própria da casa.
Assim, num projecto pioneiro na Suécia (where else?) e que agora se vai alargar à Inglaterra, o IKEA propõe-se idealizar verdadeiros bairros sociais onde se privilegia a interação, a amizade, o bem-estar e a comunicação. Estes bairros desenhados e pensados ao milímetro são destinados a casais jovens e mais velhos de forma a permitir uma integração de todas as faixas etárias.
Uma questão se me occorreu no entanto ("se me occorreu" soa bastante mal, eu sei, mas é linguísticamente correcto):
Um gajo que compra a casa também recebe um Kit de self construction?
Paga na caixa, vai à secção das entregas e recebe: 20.374 tábuas de madeira, 13.525 tijolos, 40 Km de material de isolamento, 568 tubos de canalização das mais diversas formas, 600 sacos de cimento, 3.789.531 pregos, 2.500.143 parafusos, lavatórios, portas, etc...etc... etc.... e além disso um manual de instruções de 3 volumes de 1.200 páginas cada. Ah, e a Hertz aluga 4 camiões TIR para levarmos aquilo antes das 23h00 que a loja fecha. Será?
É que se fôr assim não contem comigo, já basta as cortinas, as secretárias, as cadeiras e sei lá mais o quê.
Fica a dúvida.

09 janeiro 2007

Caminho

You'll go your way ... and I'll go your way too

08 janeiro 2007

Paper Street

Na senda da gloriosa imposição do Voiding como trend global na gestão contemporânea, aqui deixo mais uma técnica infalível.
Quando o trabalhador preocupado quizer ir tomar um café, leve algum tipo de papel consigo.
Na verdade, basta uma única folha para que a sua ida ao café seja credívelmente considerada como uma entrega de documentação noutro departamento. A folha pode mesmo ser em branco, embora não seja ideal, mas um colega ou superior ao vê-lo a abandonar o escritório com uma ou duas folhas cuidadosamente e apressadamente transportadas na mão pensam: "aí está um gajo empreendedor".
Sim, porque o passo com que o faz também tem que ter o seu ritmo e é fundamental para o sucesso desta técnica: um passo mais lento não resultará enquanto que um passo mais acelerado garante que seja visto e considerado com os devidos olhos.
Embora esta técnica só possa ser utilizada para as idas ao café em solitário, ou no máximo com um colega de grande confiança igualmente adepto do Voiding, permite-lhe que uma ida de 5 minutos se possa despreocupadamente transformar num descanço sagrado de 25 minutos. Se conseguir conjugar esta técnica com a famosa caneta Bic no canto da boca com tampa invertida pode imediatamente aumentar os 25 em mais 15-20 minutos pois além de ir entregar algum tipo de documento está a mostrar que vai igualmente trocar ideias acerca do mesmo e que vai tomar apontamentos.
Esta técnica aumenta de eficácia quanto maior o número de folhas, com alguma moderação claro está. O ideal é mesmo transportar um caderno inteiro que transmite a ideia de que se está a dirigir a alguma reunião. Aí o tempo de ausência já pode assumir o formato de horas.
A usar com alguma moderação, pois a presença demasiada assídua no café pode levar a que um empregado zeloso pergunte por si a outros colegas e conversas sobre o adpeto do Voiding, mesmo que anodinas, são sempre indesejáveis.
Mais uma pérola do Voiding.

04 janeiro 2007

The pen is mighter than the boss

O leitor deste blog que obedece aos sábios ensinos do Voiding que aqui têm sido expostos, já deve ter adivinhado esta preciosa táctica, mas de qualquer forma, e porque é sempre bom lembrar, aqui fica: Caneta Bic no canto da boca com tampa invertida.
Eu sei que parece o nome de uma acrobacia qualquer dos mergulhos nos Jogos Olímpicos, mas vão por mim, esta táctica funciona. A caneta no canto da boca com a tampa virada ao contrário afasta os colegas mais afoitos. Até pode nem estar a escrever nada, pode estar o dia inteiro a olhar para o ecrã, a teclar furiosamente no computador a fingir que trabalha, mas a caneta no canto da boca aufere-lhe automaticamente um ar trabalhador e demasiado ocupado para outros menores assuntos.
Ao colocar uma caneta no canto da boca a imagem que transmite é a de que está em vias de redigir algo, talvez um contrato, uma emenda a um protocolo, assinar um documento, aprovar uma comunicação interna, algo, não interessa o quê, mas algo. E como sabemos uma pessoa em vias de fazer algo é um bom trabalhador, um trabalhador eficiente.
Portanto não se esqueça, quando quizer descançar um pouco dos seus colegas, quando quizer afastar aquele gajo chato que só fala de bola e de carros ou aquela melga insuportável que fala dos filhos e do marido obeso, ponha uma caneta Bic no canto da boca com tampa invertida.
Mais uma pérola do Voiding.

02 janeiro 2007

Saddam Insane

Cerca das 3 da madrugada de dia 30 de Janeiro, morreu enforcado Saddam Hussein.

Não vou discutir a forma como o antigo ditador foi executado ou mesmo a pena a que foi condenado, mas somente retratar este homem brutal e vil.

Não conheceu o Pai que abandonou a Mãe Subha antes de ele nascer, tendo esta voltado a casar com um indivíduo cuja alcunha era “Ibrahim, o mentiroso” e cujo hobby era sovar o pequeno Saddam com um pau coberto de asfalto. Não se pode dizer que tenha sido um início brilhante.

Foi o irmão da Mãe, Khairallah Tulfah, um militar da carreira e simpatizante de Adolf Hitler, que se tornaria governador da Bagdad, que mais influenciou e moldou a personalidade de um imberbe Saddam. Não se pode dizer que tenha sido a influência ideal.

Casou duas vezes e teve cinco filhos. O primeiro casamento foi com a própria prima, filha do Tio que o acolheu, mas presumo que isto no Iraque seja normal, o segundo também foi com uma familiar embora de grau mais afastado. Não admira que os filhos tenham saído meio loucos.

Apesar de tudo, recebeu em 1977 um prémio atribuído pela UNESCO pelo seu programa de alfabetização implementado no país. A forma é que foi tudo menos ortodoxa: criou uma data para incentivar as matrículas de crianças nas escolas, chamado “Dia do Conhecimento” e ameaçou os pais que não inscrevessem os filhos de prisão. O resultado foi um número recorde de inscrições, claro está.

Entre o seus crimes conhecidos estão os seguinte:

Arrasou a pequena vila de Dujail com bulldozers após um grupo de militantes oposicionistas terem alvejado o carro onde viajava. Raptou 140 homens e crianças de quem nunca mais se ouviu falar; 1.500 pessoas foram presas e torturadas e após um ano de encarceramento foram exilados num campo no meio do deserto.

A partir de Abril 1987 ordenou o bombardamendo de 40 vilas Kurdas com armas químicas, nomeadamente a vila de Halabja. 5.000 pessoas morreram. Os efeitos secundários para muitos sobreviventes continuam a ser a cegueira, cancro e deficiências.

Como se não bastasse, de Fevereiro a Setembro 1988 ordenou a Campanha Anfal contra a população Kurda do norte do Iraque na tentativa de eliminar definitivamente esse povo. 200.000 soldados iraquianos invadiram a região deitando abaixo tudo o que encontravam no seu caminho. Os homens de 13 a 70 anos e as mulheres foram fuzilados, todos os outros foram raptados. Estima-se terem morrido 182.000 Kurdos.

Estou certo que outros crimes haverá, mas estes chegam para justificar a condenação a que foi julgado. É bonito defender outras penas, mas quando a memória nos traz estes factos é difícil não concordar com aquela que foi decidida.

Infelizmente, como todos os outros, ficará recordado na História este homem que deveria ser esquecido, mas pelos crimes que cometeu merece aquilo que teve.