Conversas de tabacaria

- Então Rui, tudo bem?

- Tudo bem António e tu?

- Tudo! É a Bola e o 24Horas

- O teu filho? (Vai buscar os jornais)

- O meu filho?

Cabrão do puto está em casa com as luzes acesas e as janelas fechadas no computador, caralho! Deve pensar que está na América. Um gajo tem uma praia do caralho aqui ao lado e o miúdo não larga aquela merda. Foda-se!

- Se calhar tá a fazer algum trabalho? (Aqui está)

- Algum trabalho?!

Eu dou-lhe um trabalho para fazer áquele filho da puta! O que ele está a fazer sei eu. (E queria jogar ao Euromilhões também)

- O quê? (O costume?)

- Tá a sacar filmes e merdas e ver pornografia.

Se não fosse a Mãe dele levava tanta porrada o cabrão! (O costume)

- Bem então até amanhã e deixa lá tar o puto. (Trocam dinheiro)

- Até amanhã. A ver vamos, a ver vamos. (Recebe o troco)

(num quiosque em Lisboa, hoje de manhã)

POUS!

(o post é comprido, eu sei, bare with me)

Anteontem tive o extremo prazer e deleite em ouvir numa das nossas rádios nacionais uma extensa entrevista à Exma. Sra. Carmelinda Pereira, auto-intitulada "dirigente histórica" do POUS, Partido Operário de Unidade Socialista.

Primeiro uma recomendação aos dirigentes, históricos ou não, do POUS: "POUS" soa demasiado a "pus" e associar-se a pus, em política, não pode ser boa ideia.

Concorrente às eleições europeias, a Carmelinda do seu nome revelou as três pedras basilares do partido para a nova Europa e os desafios vindouros. Assim, e conforme a ordem do site oficial, o partido defende:

- a proibição dos despedimentos
- a união livre das nações soberanas de toda a Europa
- a ruptura com a União Europeia

Alguns comentários a estas três propostas:

"Proibição dos despedimentos". (Primeiros risos algo contidos).

Quando questionada sobre esta questão pela jornalista, Carmelinda vociferou do seu tom agudo que se estivesse no poder proibia os despedimentos, assim, sem mais nem menos, sem creme, sem nada. "Mas e então quem é que se responsabilizava pelos trabalhadores quando uma empresa falia?" pergunta a jornalista. "O ESTADO, O GOVERNO!, AS MULTINACIONAIS!". Claro está. Defendia a Sra. Pereira que a proibição dos despedimentos daria mais segurança no trabalho o que permitiria aumentar a produtividade. Isto sim é um partido que conhece o verdadeiro trabalhador português. Estou mesmo a ver: "Querido, não vais trabalhar hoje? Nãã...hoje está sol, acho que vou um bocado à praia... E não vais ser despedido? Não podem, é proibido agora". Pois. Uma medida sensata para um Portugal de futuro.

"Ruptura com a União Europeia". (Segundos risos, já menos contidos).

É sempre bom defender a ruptura e a desagregação daquilo a que se concorre. "Eu sou candidato, mas é para partir aquilo tudo!". Pelo menos aqui a dirigente histórica tem ideias claras sobre o assunto. Quer a ruptura e pronto. Estamos melhores sem eles. Mas esperem, não acaba aqui. A jornalista aproveita a deixa e questiona: "Mas então acha que Portugal deve devolver os largos milhões em fundos comunitários de que o país beneficiou?". Carmelinda, quase ofendida responde: "QUAL DEVOLVER?!" (só faltou mesmo o "qual carapuça!"). E continuou: "Devolver para quê? O que é feito da nossa agricultura? O que é feito da nossa pesca e da nossa indústria? Ainda nos devem é dinheiro a nós". Pois pois, POUS, isto quando toca a dinheiro é tramado, sobretudo quando toca a devolvê-lo.

"União livre das nações soberanas de toda a Europa".(Risos desprendidos, assim à desgarrada).

Esperem. Marcha atrás... "bip...bip...bip". Ou muito me engano mas foi a "união livre das nações soberanas de toda a Europa" defendida pelos elementos do POUS (quantos serão na realidade?) que fez com que fosse criada...A UNIÃO EUROPEIA?! Isto de ser do POUS é tramado. Eles no fundo querem uma União, mas não esta. Querem uma união de trabalhadores, por trabalhadores, com trabalhadores que pouco trabalhariam se os seus trabalhos fossem assegurados para a vida.

Aproveito para os convidar a visitar o site do POUS. Na home page aparece uma grande bandeira vermelha do partido com um forte punho erguido. A página refere: "para entrar clique no punho". "Para entrar clique no punho"???? Ehehehehehe. Muito bom. (Aqui já estava em lágrimas).

Pela originalidade das suas propostas estou seriamente a ponderar ir votar na Carmelinda (que tem um santo nome ainda por cima).

Do meu lado, e inspirado pelo espírito democrático e humorístico do POUS decidi criar o POIS: "Partido Oposicionista de Inclinação Sarcástica". Aguardem novos desenvolvimentos quanto a este tema no Planeta dos Macacos.

POUS! POUS! POUS!!

Marinada

Finalmente a Manuela ouviu alto e bom som aquilo que todos dizem em surdina, ou talvez não.

Em directo e a cores, qual promoção do novo CD do Quim Barreiros, a suposta entrevista ao Bastonário virou lançamento do bastão, com Moura Guedes a levar com ele. Um verdadeiro bacalhau à portuguesa.

Há anos que abomino o estilo jornalístico do nosso Joker nacional e nunca percebi porquê é que muitos dos seus entrevistados se vergam à sua desfaçatez e falta de sentido deontológico e profissional.

Marinho Pinto, goste-se ou não, tem o dom de colocar sempre, estratégica e voluntariamente, o dedo na ferida. Se fosse médico era daqueles que carrega com força na nódoa negra e pergunta "é aqui que dói?". Pode não se gostar, mas é da maneira que não restam dúvidas que é mesmo ali.

Manuela é, por seu lado, a jornalista de guerra que, em vez do bloco de notas e da câmara, leva a sua Kalachinkov e a Luger para a zona de combate. Só não vai de tanque porque a TVI ainda não é a CNN. Num circo seria o palhaço rico, aquele que faz parte do espectáculo, mas de quem ninguém gosta. O palhaço a quem as crianças atirariam com agrado alguns tomates podres e a quem os adultos simplesmente remetem à sua insignificante existência.

Parabéns Marinho! Parabéns pelo seu estilo frontal e populista.

Por vezes, e infelizmente acontece pouco, as verdades são mesmo para serem ditas, doa a quem doer, e da forma ríspida e frontal como o fez.

I say bravo to you sir, bravo.

Fátima

No rescaldo da peregrinação a Fátima, fiquei com dúvidas.

Os habitantes de Fátima, os que lá moram mesmo, vão para onde para pagar as promessas?

É do género: "Olha, vou ali à Praça pagar umas promessas e já venho" ou é algo totalmente diferente?

É que fazer uma peregrinação de cinquenta metros, não sei se é válido.

E qual é a kilometragem mínima aceitável para uma peregrinação. Há uma tabela?

Need Glasses?

Não é bem como contei ontem a algumas pessoas, mas aqui vai.

Pope on women.

Esta tarde, numa extensa cobertura da viagem do décimo-sexto Bento a Israel, aparecia na CNN em nota de rodapé o seguinte:

"Pope called for more respect for women on Sunday".

Fica uma questão: ele apelou por mais respeito ao Domingo ou apelou, no Domingo, por mais respeito?

Mais um "caso da vírgula", com o Ratzinger a fazer de Helena Sanches Osório, ou mera gralha da estação norte-americana?

Ai ai Sr. R@...

O twitter

Ora bem. Por onde começar. Antes demais começar por dizer que o twitter é uma imbecilidade.

Parece-me um bom ponto de partida.

Para os incautos e alheados desta nova realidade 2.0 da rede, o twitter é, muito resumidamente, uma ferramenta onde o utilizador coloca, numa extensão máxima de 140 caracteres, o que está a fazer, a pensar, o local onde está, o que lhe vier na real gana, naquele instante. Basicamente é um diário permanente, actualizado ao minuto. Um "minutário" chamemos-lhe assim.

(Nunca percebi porquê que a referência web é 2.0 e não só 2, mas isso é outra história. Existe um 1.4? Um 1,7 e meio?)

Bem, mas voltemos ao que interessa.

Como ideia e conceito até parece engraçado na realidade, mas não é. É uma imbecilidade, uma perca de tempo, uma ferramenta criada para pessoas que passam 99,99% do seu tempo de vida ligados à net ou ao telemóvel, um fenómeno destes novos tempos e destas novas mentalidades. Eu não faço parte dessa tribo urbana, nem quero fazer.

Abri uma conta no twitter para experimentar. Postei dois ou três pensamentos e....pronto. A não ser que uma pessoa passe muito tempo ligado não tem propriamente interesse. Mas isso sou eu.

Qualquer dia temos um chip no cerebelo que automaticamente transmite o nosso posicionamento via GPS ao site cerebelos.com e que posta simultaneamente todos os nossos pensamentos. Assim os nossos 3.457 amigos que nunca vimos nem conhecemos na realidade saberão imediatamente onde estamos, com quem estamos, o que estamos a fazer e o que estamos a pensar. Genial!

É este o futuro que nos espera? É esta a nossa vida?

Consta que o Ashton Kutcher levou uma desanda da bela da Demi quando postou no twitter que estava naquele momento, naquele preciso momento, a ver a mulher a passar a ferro de lingerie. Bronca claro. Mas sinceramente, Ashton, meu amigo, não tens mais nada a fazer do que "twittar" que estás a ver a tua mulher a passar a ferro de lingerie?

Experimentem se quizerem, pode haver quem veja que vale a pena, que é a puta da loucura!, mas a mim não me convence.

Prefiro twittar ao ar livre a olhar para o mar e a pensar para os meus botões.