As religiões atormentam o planeta.
Desde sempre o mísero ser humano, cordeiro de Deuses pastores, procura na religião, na sua própria fé, os caminhos recônditos da sua alma. Desde os primórdios da Humanidade, procuramos algo superior para justificar o injustificável, para nos defendermos daquilo que julgamos demasiado lato para compreendermos ou mesmo para apoiar as nossas teses de uma vida após a morte, como que receosos de que esta seja a nossa única e derradeira passagem.
Em nome destes Deuses, tudo se faz, tudo se constrói, tudo se destrói, nada se altera. E se não existisse religião?
Pensei nisto no passado dia sete de Julho. Pensei e tive a secreta esperança de que muitos mais tivessem pensado assim, pois talvez as coisas mudassem, mas cedo desisti dessa ideia ao ver que, ainda mais, cada um dos lados se apoiava nas suas crenças, nos seus Deuses.
Se não existisse religião, estou convicto de que este mundo seria melhor. Mesmo convicto. Se olharmos a factos, e tirando o Budismo que nem sequer considero uma religião, mas sim e sobretudo um supremo modo de vida físico, social e espiritual, todas as religiões apregoam o amor-próprio, o amor pelos seus próximos, mas o que se verifica na realidade é que, em nome destas fés, destes amores, provocam-se guerras, semeiam-se ódios, matam-se fiéis.
Neste particular, está na ordem do dia acusar os muçulmanos e a religião islamista, que de facto tem tentado impor os seus ideais à custa de assassínios, à força das balas e à potência de bombas, de ser a mais terrível das fés. Eles chamam-nos infiéis, ímpios, sionistas e tudo farão para aceder às portas de um paraíso sublime. No entanto, não nos podemos esquecer, nunca o devemos fazer, de que a religião católica, historicamente falando, foi culpada moral de mais mortes, mais extermínios, mais genocídios, mais perseguições do que possivelmente todas as religiões juntas. Não vou começar a enumerar exemplos, pois certamente fazem parte de todos aqueles que está neste momento a pensar, quer de um lado quer do outro.
Estes amores que defendem devem ser muito especiais para legitimar milhões de mortes.
Para dizer a verdade, uma das coisas que mais me repugna é o radicalismo. É qualquer tipo de radicalismo consciente, qualquer género de fanatismo inconsciente, seja ele o benfiquista que vive vestido de vermelho e tem cortinados a dizer SLB, cuecas gloriosas e perfume Benfica, ao defensor ecológico que maldiz o capitalismo e come cogumelos provenientes de estrume de vacas indianas, pois aí são sagradas. Muito mais, como é óbvio e retirando a carga cómica que antecedeu, me enoja o radicalismo religioso. Sempre me meteu impressão ser considerado um cordeiro de Deus num rebanho areado que vagueia por terras santas.
As religiões foram feitas para defender e proteger o Homem, servir como apoio e conselho superior, mas acabam fundamentalmente por dizimá-lo, pois não têm em conta a ínsita propensão guerreira do ser Humano. As religiões acabam por funcionar somente como mero justificativo de ambições humanas desumanas.
As religiões atormentam o planeta.