07 julho 2009

Viagem

Ando.
Continuo pelo caminho.
Passo após passo.

Este caminho cinzento,
Raramente iluminado,
Obscuro.

Um caminho que permanece,
Apesar da sua mobilidade.

Um caminho que me leva algures,
Mas para onde?
Se nem eu sei para onde vou,
Ou sei o que serei.

Estou cansado
Destas pedras que piso,
Deste asfalto fétido e quente,
Destes sapatos desfeitos.
Rasgados pela minha alma,
Vazios de mim.

Cansado desta fronteira invisível,
Deste vento que me empurra,
Que me desfaz a roupa e corta a pele.

Como uma lâmina ferrugenta,
Como garras de prata.

Por baixo deste sol áspero,
Obsceno na sua força,
Amargo na sua insolência,
Continuo pelo caminho.

Que apesar da luz que quase me cega,
Raramente se ilumina
E permanece obscuro.