12 março 2009
Uma vez mais somos confrontados com a normalidade.
A normalidade atroz, banalidade dura, simplicidade redutora e rotina gélida.
Uma vez mais alguém considerado normal comete uma obscena e inclassificável carnificia. Só esta semana foram duas, num fenómeno que infelizmente ultrapassou as fonteiras norte-americanas, numa perigosa e assustadora globalização do terror.
Ontem, Tim Kretschmer, de 17 anos, ia calmo e disparou contra tudo o que se movia. De fato paramilitar negro, mas cara descoberta, entrou no seu antigo liceu num subúrbio perto de Estugarda, em Winnenden. Resultado 16 mortos. Tim era filho único de um empresário rico, que tinha 18 armas em casa. Gostava de ténis de mesa e era um aluno mediano que tinha acabado o liceu no ano anterior e estava a trabalhar. Normal portanto.
Terça-feira, Michael McLendon, um homem considerado "calmo, simpático e educado" de 27 anos, explodiu numa fúria assassina que o levou a matar a mãe, a avó, um tio e um primo, entre outros, antes de voltar a arma contra si próprio, nas imediações de Samson, uma pequena localidade rural no Sudeste do Alabama. Resultado 10 mortos. Normal portanto.
Somente dois casos, entre tantos outros, que tristemente se tornaram "normais" ao longo dos anos.
Numa cultura global cuja trave mestra é a comunicação e a informação, onde redes sociais se formam diariamente e amigos desconhecidos se descobrem num mero convite cibernético, é doloroso verificar que são usualmente pessoas isoladas, distantes, algo frias, anti-sociais, resguardadas e com grande deficiências de exteriorização dos seus fantasmas que cometem estes actos. E no entanto são consideradas normais.
A normalidade tornou-se visivelmente o nosso pior inimigo.
5 Comments:
acrescento que o nosso pior inimigo é a fonte de onde nascem os critérios que definem ao que designamos por normalidade. pretendido modelo padrão reflector da actual sociedade. um compulsivo "copy-pase" consumidor.
bah!
nice post.
Sabias que o tipo americano disse na vespera na net o que ia fazer? E ninguem o levou a serio...
o alemão também..e o tipo na Noruega ou Dinamarca também...e o tipo do campus universitário nos EUA tab...tudo no Youtube...
muitas vezes fazem na véspera e é complicado, no meio de milhões de vídeos detectá-los, e depois deve haver muito que é só para uns miúdos brincarem, se a polícia fosse ligar a todos...
Oi G,
Tudo está tão claro que se perde e se oculta.Ninguém ,de um modo geral, ouve o que o outro tem a dizer.
Ocorre uma mudança de paradigma,hiper acelerada,neste processo caótico.A solidão existencial,a banalização do ser humano,a falta de sentido,os excessos que não satisfazem,a distancia com a essencia humana ,o tratamento de "coisa" ao ser humano,em resumo a falência do amor.
A civilização normalóide ocidental
gera monstros criados no vazio da
superficialidade sem alma.O medo cria defesas,reações de desamor.
O poder pelo poder gera a insanidade normalóide,um vale tudo,
o desiquilíbrio travestido muitas vezes de sucesso.A saída só uma:o poder do AMOR,sem discurso.
O Amor e aí inevitávelmente buscaremos a fonte perfeita da CRIAÇÃO,em DEUS.
Falta de Deus,culto ao Bezerro de Ouro,sem compaixão nem piedade.Falo de um Deus transcendente as religiões,puramente Deus.
Com carinho,
Cris
Normalidade é como quem diz achar normal ter 18 armas em casa... é que armas e adolescência nunca foi e nunca será uma boa mistura.
Calculo que algo de muito anormal se passava com estas pessoas, só que os que os rodeiam nao o detectaram. É que, humanamente falando, o mundo está muito mais cheio de anormalidades (ou crencas disfuncionais, o inicio enraizado de todos os problemas individuais e sociais) do que o contrário...
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