06 março 2009

A burrice espumante

No auge da cultura americana do hip-hop, em que os african-american oriundos de bairros degradados tomavam definitivamente de assalto as ondas de rádio e influenciavam gerações com os seus vídeos regados a champagne, povoados de mulheres de bikini e decorados com bling-bling, uma marca, mais do que outras, destacava-se em permanência através dos nossos ecrãs: o famoso champagne "Cristal" da casa Louis Roederer.
Em todos os vídeos, todas as festas, todas as casas, todas as limousines, todos os frigoríficos de todos os que abraçavam esta crescente cultura, havia sempre garrafas de Cristal abertas às dezenas, partilhadas por todos qual último repasto de um festim dourado. De tão famoso e revelador de estatuto que era, que chegou mesmo a constar de inúmeras letras de músicas, ditas alegremente como se de uma distinção afortunada se tratasse, como se a própria palavra nos transportasse para esse mundo de luxo e luxúria.
Tudo acabou subitamente em Junho de 2006 no dia em que o C.E.O. da famosa casa decidiu falar sobre o estilo de vida e de pessoas relativamente às quais o champagne se estaria a associar. Do alto da sua profunda pomposidade e real snobismo, Frédéric Rouzaud afirmou: "O que podemos fazer? Não podemos proibir as pessoas de o adquirirem. Estou certo que Dom Perignon ou Krug gostariam bastante de ter o seu negócio."
Foi o que bastou para que o poderoso e influente Jay-Z declarasse de imediato um boycote generalizado ao Cristal, banindo-o permanentemente de todas as suas músicas e vídeos, mas igualmente dos seus clubes nocturnos 40/40. E como as palavras de Jay-Z na indústria do hip-hop são como às palavras de Greenspan na economia, rapidamente o boycote se alastrou qual rastilho infinito, ao ponto de as mesmas letras que anteriormente vangloriavam o champagne, serem posteriormente alteradas para outras referências, outras marcas ou outros termos.
O Cristal desapareceu dos ecrãs, da música, do estilo de vida, dos costumes e hábitos da recente e emergente cultura, e com ele largos milhões de euros dos cofres da Louis Roederer.
Às vezes é mesmo melhor ficar calado.
Hoje em dia, nos clubes 40/40 de Jay-Z, se quizer beber champagne só encontrará, imagine, Dom Perignon ou Krug. Jay não perdeu a oportunidade de mostar a Rouzaud que estas duas marcas ficariam de facto radiantes com o seu negócio. E ficaram.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Pumpous ass! bem feita!
A ostentação, a linguagem biatch e exploração feminina usadas nesses videos make me sick. É uma nódoa na dita nova cultura afroamericana e não só.

catveuvecliquot ;)

01:08  
Blogger Unknown said...

Concordo com a Cat, mas infelizmente só o Cristal é que desapareceu, o resto continua igual...

00:58  
Anonymous Anónimo said...

b, que é feito de ti? lol...só partys!

bj cat

17:00  
Blogger Bluedog said...

...e o Mateus Rosé ?????

19:32  

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