Revolucíon
Não consigo perceber como chegámos a este ponto. Um ponto que já vem de longe e que parece não ter retorno.
Em época de crise, de apelos ao aperto de um cinto já de si minguado pelos sucessivos novos buracos, no próprio e no orçamento familiar, de avisos à navegação de que piores dias, ainda piores, estão para vir, fico abismado, estupefacto e revoltado face à apresentação de resultados de algumas das maiores empresas nacionais e internacionais.
Não prezo o comunismo, nem o capitalismo puro, sou mais a favor de uma união do bom senso que existe em ambas. No entanto, não compreendo como é possível a determinadas empresas e conglomerados empresariais voltarem as costas a uma sociedade dormente da dor de tanto estar de joelhos, e pura e simplesmente alhear-se, a abstrair-se do mal que a rodeia sem agir e, pior, contribuir ainda mais para que essa mesma dor aumente e agrave.
A teoria de gerar riqueza para criar emprego, para que esta possa ser redistribuída na sociedade e novamente injectada nas empresas, até tem uma lógica nobre e racionalmente aceitável. Os altos lucros contemporâneos são no entanto muitas vezes atingidos graças a despedimentos, downsizings e layouts e sem existir sequer a capaz redistribuição destes. O capital gerado é partilhado entre a própria empresa e os bolsos de alguns senhores donos do mundo: os accionistas.
Os lucros apresentados pela banca nacional são, para mim, o exemplo mais específico e mais crítico deste fenómeno, sobretudo quando sabemos que o Estado cobre os mesmos com o manto da impunidade legal através de uma isenção ou abatimento de impostos escandalosa e retrógrada que ainda me têm que explicar em que medida é que beneficia o bem comum da nação.
Isto tem de acabar. Qualquer dia rebenta.
Estou revoltado.
5 Comments:
pois, mas se os bancos não estivessem isentos de impostos talvez essas velhinhas não precisassem de contar tostões...
se eu tivesse no poder a coisas não funcionavam assim...é claro que era derrubado pouco tempo depois, mas acho que não me corrompia a mim próprio.
Revoltado e com razão.
E isto já rebentou. Ou melhor, já faliu. Embora se ande por aí a apregoar medidas e subidas de taxas e impostos para criar a falsa sensação de que se está a fazer alguma coisa, no final, veremos que estamos e vamos continuar a pagar mais para alimentar a ineficiência e o prolongamento dessa abstracção incómoda que é o Estado.
...Ao que parece hoje há mais de um milhão de pessoas nas ruas em França...lutando contra um contrato de primeiro emprego (CPE) que admite o despedimento sem justa causa nos primeiros 24 meses de duração...compare-se com a legislação laboral em Portugal...
Tens razão G! Depois aqui d'el rei que anda para aí uma perigosa geração que não aceita...então juventude, onde está essa capacidade de sonhar com algo mais justo ? Se não foremm vocês, quem o fará ? Acordem, porra !
a juventude está adormecida pelos telemóveis, ipods e playstations. o nosso progresso e bem estar adormeceram o sonho de outras liberdades.
Reza a História que os actos revolucionários acontecem perante um episódio (ou um conjunto) de grande injustiça/impopulariedade que motiva o descontentamento popular e por sua vez permite uma, digamos, explosão social.
Felizmente, as gerações mais novas continuam a ter o que comer. Os pais ainda providenciam comida, cama, roupa lavada, o telemóvel, o ipod, o carro e as saídas noturnas...porque no dia em que a comida não chegar às suas bocas, o que é bom também não irá chegar!!!
Talvez a liberdade e o engrandecimento pessoal não possam conviver com a ambição desmurada, vulgo inveja do vizinho!!!
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