25 maio 2006

Descarrilhado



Caro Manuel Maria,
Nunca tive grande simpatia por si. Sempre nutri, antes pelo contrário, um pequeno ódio de estimação que o senhor ia alegremente alimentando à medida das suas aparições públicas e discursos políticos pouco credíveis.
O senhor, basicamente, é um palhaço. Não é, no entanto, um palhaço que faz rir, que diverte as massas, que transmite o conforto adequado ao momento, deixando no ar a saudade indisfarcável dos risos que foram. Não. Você é uma marionete política, um bufão desta democracia, um saltimbanco pouco eficaz, um fantoche da sua desmesurada ambição.
Você, Manuel Maria, acima de tudo faz-me chorar. Chorar por pensar que neste país, neste mundo, ainda existem pessoas como o senhor, pessoas a quem é dada a palavra e o tempo de antena desmesurados, tamanha é a indiferença das suas palavras. Pessoas vís, canalhas, ordinárias, mesquinhas, infâmes, miseráveis para quem certamente o senhor será a voz e a referência.
Descobri que para si existe uma diferença clara entre o público e o privado. Para si, sublinho, público é o momento simbólico à frente das câmaras e das objectivas que a comunicação social insiste em lhe estender. Público é portanto, na sua óptica, o momento em que revela aquilo que, no privado, não é. No privado, o senhor é uma pessoa incessantemente à procura de um lugar que nunca será seu, um indíviduo ambicioso, pretencioso, vaidoso, queixoso, caprichoso, tangoso. No privado, repito, o senhor revela a verdadeira essência do homem que você é e que não quer mostar, em público. No privado, o senhor é um velhaco, um biltre, um patife patético, um pelintra sem vergonha.
Para mim deixou isto tudo bem claro no seu debate disparatado e patético, durante o qual foi remetido ao seu vergonhoso canto, um canto para o qual arrastou um desajeitado Emídio Rangel que a meio do programa estava vazio de argumentos para o defender, ou defender a sua pretensa tese do complot. Caro Manuel Maria, gostaria que, no seu espírito confuso, não confundisse as coisas: complot é o assassinato dos Kennedys, o assassinato do Martin Luther King, o assassinato do Jack Rubi, a tentativa de assassinato do Papa João Paulo Segundo, o assassinato do Olof Palme, o assassinato do Mahatma Gandhi, o Watergate, o Irangate, e outros tantos exemplos deste mundo e deste e doutros tempos. Complot não é certamente a filmagem e divulgação de um aperto de mão que nunca o foi, revelando publicamente a sua real faceta privada de grande ordinário. E se é isso de que o senhor se queixa, então tem o desfecho e o futuro que merece.
Você não é somente um palhaço, é a figurinha estelar de um circo que você próprio construiu com estacas de mentira e panos de farsa. Você é um escroto indignado de uma nação que só você conhece. Para mim, você consegue dar nova expressão à palavra “fezes”, dar outro brilho à palavra “excremento”.
Tenha vergonha. Fique com os seus trejeitos efeminados, os seus tiques nervosos, a sua laca barata e ecologicamente nefasta e o seu sorriso forçado, mas desapareça de vez e deixe-nos em paz.
Palhaço.

2 Comments:

Blogger Giso said...

Muito bom! Lol.
Gostei da adjectivacao.
Mas o que e' que se passou, que nao sei de nada?

14:01  
Blogger Bluedog said...

Bem escrito G!

Em minha opinião contudo as falsas "prima donas" deste Mundo merecem pior sorte: QUE AS IGNOREM e ficam no deserto a clamar sózinhas. Há certos patamares para onde é melhor olhar de cima...

PS:...mas lá que o tema jornalismo/agências/Poder tem muito que se lhe diga, aí não tenho dúvidas e é mais isso que importa debater e pôr a nú.

15:25  

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