15 fevereiro 2005

Deus, me acude!

Com o falecimento da irmã Lúcia, vi-me hoje a questionar a minha fé, mais concretamente, os símbolos da minha fé.

Para dizer a verdade, sou católico, mas muito pouco apegado à vertente humana da questão de crença, sobretudo porque para mim o ser humano é um animal vil por natureza, ambicioso, venenoso e que normalmente está bem quando os outros estão mal. Assim, é complicado para mim sentir através de símbolos o que sinto no interior do meu coração e da minha alma. A Igreja é feita por homens e assim sendo haverá sempre algo de podre no seu interior, existirão sempre dúvidas acerca da verdadeira motivação desses senhores de vestes. Para mim, basta ouvir as notícias e verificar que um padre (infelizmente não foi só um) abusou de alguém, para que me venham automaticamente vómitos do fundo das tripas.

Que dizer então do homem que anda no carrinho branco às voltas pela Praça de São Pedro. Aquilo é o símbolo máximo da minha Igreja?

Faz-me igualmente profunda impressão que homens que se dizem servos de Deus e dos Seus ensinamentos vivam no luxo e na opulência quando estão rodeados de podridão e pobreza. Há algo que não bate certo.

Para finalizar, e numas curtas palavras à irmã Lúcia, eu até tenho alguma admiração por esta senhora, não sei bem porquê mas tenho. Só não percebo estes ritos e mitos da clausura. Com tanta gente a precisar de ajuda, de uma mão estendida, de uma palavra, a melhor forma que algumas pessoas arranjam para servir Deus é enclausurarem-se?

Não percebo.