22 outubro 2007

Mosquito Bay

Os mosquitos são chatos como tudo.

Pequenos dráculas voadores que sugam tudo o que lhes aparece à frente.

18 outubro 2007

Mais Melãocolia

Melhor que "os melões do Avô" só mesmo uma Avó a apalpar os ditos.


16 outubro 2007

Black carpet

Por vezes há pequenas coisas nas pessoas que me irritam, nem sei bem porquê, mas irritam-me. Sempre me irritaram e provavelmente até me irritarão mais à medida que os anos passam e que a minha paciência, já de si diminuta, se vai atenuando.
Uma dessas pequenas manias, fruto talvez do medo que invade esta nação, é aquela que muitas pessoas têm quando estão nas caixas dos supermercados.
Deverá certamente ter tido origem num qualquer receio de Biological Warfare engendrado pelos nossos amigos da CIA, mas há pessoas que não admitem que as suas compras toquem nas compras das outras pessoas.
Muitas vezes coloco o saco de batatas, as maçãs, as laranjas, as natas, o frango, etc... em cima daquele tapete escuro, um bocado ao deus dará, e estou-me sempre a marimbar para colocar aquele separador quase metafísico "cliente seguinte". Nunca o coloco e tenho ódio a quem o faz.
No entanto, sempre, e invariavelmente, as pessoas que estão à minha frente, talvez com pavor de comprarem 500 gramas de presunto a mais, ou 1kg de maçãs Golden que não querem, vão a correr colocar a preciosa plaqueta, como se se tratasse de uma fronteira entre as duas antigas Berlins. Empurram os seus sacos de aspiradores, os seus panos para a loiça e a sua comida para os gatos para a frente, sem despudor, antes com alguma veemência, e pôem a placa bem no meio não fosse a caixeira enganar-se nas suas contas ou as suas compras feitas com tanto cuidado ficarem contaminadas pelas bugigangas alheias.
Logo a seguir vem a melhor parte: rodam lentamente a cabeça, como se fosse em slow motion num filme do John Woo, e lançam aquele olhar reprovador, que dura uns milésimos de segundo, como quem diz que "estás a ver? é assim que se faz seu palhaço!". Sublime.
What's the deal? Sinceramente não percebo.
Qualquer dia, sempre que fôr às compras, passo a comprar uns fungicidas de propósito e coloco-os coladinhos às compras da frente só para ver as velhas a desmaiar.

12 outubro 2007

Red Snake

Na grande serpente vermelha
Olho em meu redor e nada mais vejo
A não ser a esperança de tantos seres
Soporíferos, adormecidos, entorpecidos
Rendidos a um poder maior
Que os puxa continuamente para baixo

A serpente anda devagar
Carrega consigo o peso do chumbo
A consciência demasiado pesada
De homens subjugados
De carneiros dóceis
Ao seu latejar intermitente

É provável que nunca acordem
Deste langoroso caminhar
Desta serpente adormecida
Que todos os dias acorda
Para nos foder o juízo
E nos comer a alma

Ao amanhecer
Ao entardecer
Continuamente
Tudo é tão opaco, turvo e sombrio
E no entanto tudo se torna mais claro
Na grande serpente vermelha

03 outubro 2007

Melãocolia

Eu sou um gajo que gosta de tradições.

Gosto de velhos gestos que se repetem, de novos gostos sempre eternos, do descobrir de um longo percurso.

Sou totalmente a favor das bolachas da Avó, das compotas da Tia, do azeite das quintas mais antigas, do mel de abelhas seleccionadas desde 1768, dos queijos das Primas e tantas outras iguarias que inundam o mercado para o nosso comum deleite.

Agora sinceramente....os "melões do Avô", ainda por cima Espanhoís, dispenso.